Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Letra de Médico

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Orientações médicas e textos de saúde assinados por profissionais de primeira linha do Brasil
Continua após publicidade

Mais de 40% da população ainda convive com o tabaco

No Dia Nacional de Combate ao Fumo, especialista ressalta os principais danos dos cigarros convencional e eletrônico à saúde (mesmo a de quem não fuma)

Por Jaqueline Scholz*
Atualizado em 13 Maio 2024, 22h30 - Publicado em 29 ago 2023, 08h12

Mesmo considerando as políticas públicas tomadas para desestimular o tabagismo – proibição de publicidade e de fumar em ambientes fechados, além de alertas sobre os malefícios nas embalagens –, o tabaco ainda é uma realidade para 20% dos brasileiros que vivem no estado de São Paulo.

Outros 22% são fumantes passivos, aqueles obrigados a conviver com a fumaça. Os dados são de um estudo da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) junto a 2.236 pessoas jovens, adultas e idosas nas cidades de Araçatuba, Araraquara, Bauru, Osasco, Ribeirão Preto, São Carlos, São José do Rio Preto, Sorocaba, Vale do Paraíba e na capital paulista.

Os resultados contrariam os números oficiais, que identificaram queda no total de tabagistas maiores de 18 anos a partir de 2003, quando o percentual apresentado foi de 22,4%, caindo para 18,5% em 2008. Em 2019, a Pesquisa Nacional da Saúde (PNS) apontava que apenas 12,6% dos adultos brasileiros fumavam. A contradição também alcança as pessoas expostas ao tabaco: 16,3% dos maiores de 18 anos seriam fumantes passivos.

A lacuna entre o levantamento da Socesp e as pesquisas do governo pode ser justificada pelo uso progressivo do cigarro eletrônico ou vape, como também é chamado o dispositivo, e o fato de ele não ter sido considerado nas estatísticas oficiais.

A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) alerta que, atualmente, pesquisadores devem incluir perguntas sobre outros tipos de tabagismo, como eletrônicos e narguilé, nos inquéritos de saúde. O método foi utilizado no inquérito telefônico Covitel 2022, que apurou que 7,3% dos entrevistados usam o vape e outros 7,3% fumam narguilé.

Continua após a publicidade

+ LEIA TAMBÉM: Uso de cigarro eletrônico segue em ascensão apesar de restrições

O consumo dos eletrônicos apresentou um aumento significativo nos últimos anos no mundo. Um dado recente do IPEC – Inteligência em Pesquisa e Consultoria concluiu que 6 milhões de fumantes brasileiros já experimentaram o vape. E este consumo acontece em um cenário de transgressão, uma vez que o dispositivo está entre os produtos proibidos no país pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009.

O cigarro eletrônico é defendido como mais seguro para a saúde e o risco de dependência é ignorado. O mais grave é que fumantes de cigarro convencional migram para o eletrônico acreditando no bônus da substituição. O narguilé, por sua vez, é confundido com uma recreação sem maiores consequências.

Mas nada disso é verdade: os vapes podem viciar em menos tempo que o cigarro comum e, de acordo com a OMS, uma hora de uso do narguilé equivale a tragar 100 cigarros.

Continua após a publicidade

Nunca é demais lembrar que o tabagismo de qualquer origem favorece o aparecimento de doenças sistêmicas, como as cardiovasculares, que podem levar à morte. Mas a lista de problemas de saúde provocados pelo tabaco é extensa, incluindo câncer de vários tipos.

Cigarro eletrônico não é brinquedo. Os vapes tendem a seduzir os mais jovens – e até crianças – por serem aclamados em redes sociais e estarem cada vez mais presente nas rodas de amigos. Alguns modelos, inclusive, são saborizados, passando a ideia de algo inofensivo.

Além disso, muitos jovens estão submetidos ao fumo dentro de casa. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PENSE), na residência de 26,2% dos alunos pelo menos um dos pais ou responsável fuma. Somadas estas situações temos duas frentes a serem combatidas.

Continua após a publicidade

O artigo 7º do Estatuto da Criança e do Adolescente preconiza “o direito à proteção, à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência (…)”.

Se deixarmos o tabaco participar desse desenvolvimento, estaremos infringindo a lei e desperdiçando todo o trabalho de conscientização e os ganhos até aqui, enquanto uma nova geração de fumantes e de pessoas impactadas pelo tabagismo alheio vai se consolidando.

* Jaqueline Scholz é cardiologista, especialista em tratamento do tabagismo, médica do InCor-FMUSP e assessora científica da SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.