Dez minutos que podem salvar sua vida
Saiba o que você pode fazer pelo seu cérebro e coração neste curto espaço de tempo
Para a maioria das pessoas, pensar em fazer alguma atividade física equivale a uma missão impossível, mesmo que se tenha consciência dos benefícios que os exercícios trazem para a saúde. Mas não precisa ser necessariamente assim. E se você descobrisse que apenas 10 minutos do seu dia dedicados a alguma prática esportiva já te tirariam do sedentarismo para evitar uma doença cardiovascular e que esta providência pode evitar até a morte?
Um recente estudo publicado pela revista norte-americana JAMA Internal Medicine afirma que mais de 110 mil mortes por ano poderiam ser evitadas se adultos com mais de 40 anos acrescentassem 10 minutos de atividade física diária, de moderada a vigorosa. Os pesquisadores analisaram os níveis de atividade de quase 5 mil pessoas com idades entre 40 e 85 anos e acompanharam as taxas de mortalidade. Sem dúvida, treinos de 20 ou 30 minutos trazem ainda mais benefícios, mas já temos aqui uma ótima notícia para dar um impulso.
De acordo com a Diretriz de Prevenção Cardiovascular, as vantagens da atividade física já ficam claras ao comparar sedentários com indivíduos que realizam muito pouco exercício, uma vez que o impacto positivo de abandonar o sedentarismo é significativo, endossando o estudo norte-americano.
Progressão é a solução
Na outra ponta, existe uma relação direta entre sedentarismo e mortalidade, especialmente por doenças cardiovasculares, o que configura um caso de saúde pública. O dia 10 de março é o Dia Nacional de Combate ao Sedentarismo e a população tem o direito de ser informada sobre os males que a combinação alimentação desregrada e falta de atividade física podem causar, pois, o percentual de indivíduos fisicamente ativos é muito baixo em nosso país.
O Departamento de Educação Física da SOCESP alerta que as campanhas estimulando a população a aderir aos exercícios passam longe de serem retóricas. Ao contrário, são o meio mais barato de afastar riscos, inclusive fatais.
Os dez minutos/dia mencionados pelo estudo norte-americano são o pontapé inicial com ganhos reais para uma mudança no estilo de vida. Porém, fazer mais torna a recompensa ainda maior: quando há uma escala crescente de atividade física aeróbia acontece uma contínua diminuição no risco de morte cardíaca por todas as causas, incluindo as cardiovasculares, tanto em indivíduos saudáveis quanto em portadores de cardiopatias.
Comece aos poucos e progrida passo a passo. Uma intensidade muito elevada pode deixar a pessoa mais vulnerável no seu sistema imunológico o que por sua vez vai limitar a sua continuidade e assiduidade nos exercícios. Manter uma atividade em uma intensidade que se considere moderada pode ser uma boa alternativa em respeitar os limites de cada um. Essa intensidade é aquela onde ao se tentar falar e realizar o esforço apresentamos uma pequena dificuldade ao continuar a atividade física, mas não a limita.
Não é demais lembrar que antes de incluir as atividades físicas na sua rotina, é prudente consultar um médico para realizar uma avaliação cardiológica, conhecida pelos especialistas como APP (Avaliação Pré-participação), principalmente se você tiver mais de 40 anos, for sedentário ou enfrentou uma doença grave, como a COVID-19, que pode deixar sequelas cardiovasculares silenciosas. Outro ponto importante é, se possível, buscar a orientação com um profissional de educação física que pode otimizar os resultados de uma forma segura. A ação é o melhor aquecimento para virar o jogo em prol da saúde, qualidade de vida e longevidade.
Artigo escrito em colaboração com Renato Lopes Pelaquim, diretor executivo do Departamento de Educação Física da SOCESP (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) e colaborador no setor de Reabilitação Cardiovascular do Instituto do Coração de São Paulo.