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Consumo excessivo de bebida alcoólica pode prejudicar a voz e a garganta

Período de festas e férias aumenta chance de exageros. E o preço pode ser cobrado em forma de rouquidão e outros perrengues

Por Ullyanov Toscano*
Atualizado em 9 Maio 2024, 18h18 - Publicado em 26 dez 2023, 08h00
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  • Festas de fim de ano, férias, verão, calor. Quem dispensa uma cerveja ou vinho gelado nessa época do ano que atire o primeiro copo. O que poucos sabem é que o abuso de bebidas alcoólicas pode prejudicar a voz. Não só: a garganta como um todo pena com o exagero. Um ponto de atenção que vale, na verdade, para o ano todo.

    Consumir álcool em excesso traz uma série de problemas, como desidratação, diminuição e perda da voz, lesões nas pregas vocais, aumento do refluxo gastroesofágico, e também está diretamente relacionado ao aparecimento do câncer de faringe, laringe e esôfago – além disso, eleva em até 50% o risco de tumores na boca.

    Bebidas como cerveja, vinho e licor contêm histamina, produzida pela levedura e por bactérias durante o processo de fermentação, uma substância que pode deflagrar sintomas de alergia. Os dois primeiros também têm sulfito em sua composição, que contribui para manifestações similares.

    Por ser um diurético, o álcool aumenta a quantidade de urina escoada e, consequentemente, pode levar à desidratação, o que afeta diretamente as cordas vocais, tornando-as mais suscetíveis a irritações e inflamações. Também pode resultar em rouquidão, perda de alcance vocal e dificuldade em produzir notas agudas.

    + LEIA TAMBÉM: Medidas preventivas contra o câncer de cabeça e pescoço

    O consumo excessivo ainda leva a um relaxamento dos músculos, incluindo aqueles que são responsáveis pelo controle da voz, ocasionando uma maior probabilidade de lesões nas cordas vocais, como nódulos ou pólipos, devido ao trauma repetitivo do atrito local. Tais lesões podem afetar negativamente a qualidade vocal e exigir tratamentos médicos ou cirúrgicos.

    Outro fator negativo é o impacto na coordenação motora, necessária para a emissão do som. O resultado é a dificuldade na articulação das palavras, tornando a fala menos clara e compreensível. O problema pode atingir, principalmente, cantores ou profissionais que dependem da voz para o trabalho.

    Mesmo com baixo consumo, quando combinado ao cigarro, o álcool se torna o principal fator de risco para o câncer de boca e de garganta. São condições que afetam dezenas de milhares de brasileiros todo ano, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).

    É importante estar ciente desses efeitos e evitar ingerir bebida alcoólica excessivamente. Além disso, convém buscar orientação médica caso apareçam sinais estranhos ou problemas na região da garganta, o que evitará danos permanentes ali.

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    A dica de ouro, além de diminuir o consumo dos drinques, é ter a água como grande parceira. Além de ajudar a diminuir a ressaca, ela hidrata e auxilia no processamento do álcool pelo fígado, minimizando seus efeitos tóxicos no organismo.

    A cada 350 ml de bebida alcoólica ingerida, beba 100 ml de água. E lembre-se: sem bom senso, até as celebrações podem custar caro.

    *  Ullyanov Toscano é cirurgião de cabeça e pescoço e professor de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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