A hipófise, uma pequena glândula do tamanho de uma ervilha, está localizada no centro geométrico da cabeça. Ela é a grande maestra do sistema endócrino: controla as funções da tireoide, das adrenais, das mamas, do crescimento, do controle hídrico e o sistema das gônadas. Para tal, produz ou distribui diferentes hormônios.
O diagnóstico dos tumores de hipófise é facilmente feito por meio de ressonância magnética. Eles representam cerca de um quinto de todos os tumores cerebrais, e alguns de seus tipos predominam nitidamente em mulheres. Esses tumores podem secretar os hormônios que naturalmente são secretados pela hipófise, só que em quantidade muito maior. Isso pode levar a diferentes problemas médicos, dependendo do hormônio secretado.
Em mulheres, são comuns os prolactinomas, que secretam em excesso o hormônio prolactina. Esse hormônio está envolvido na lactação, e está naturalmente elevado durante a amamentação. Seu excesso causado por um tumor promove lactação fora de hora. Esse tipo de tumor de hipófise é o mais comum e é o único cujo tratamento é feito preferencialmente por meio de medicação, ao contrário dos outros tipos, que são primeiramente tratados com cirurgia. O tratamento por meio de medicação é eficaz em 85-90% dos indivíduos.
Ainda em mulheres, são mais comuns que nos homens os tumores que secretam o hormônio adrenocorticotrófico. Esse é o hormônio que controla as glândulas adrenais e, portanto, a secreção do hormônio cortisol, que é importante nas reações de stress do organismo. O excesso desse hormônio dá origem a uma doença conhecida como Cushing, em que ocorre ganho de peso inexplicável, alteração ou ausência de menstruação e estrias. Além disso, a doença causa hipertensão arterial e diabetes severo, que contribuem decisivamente para uma piora da saúde em geral.
O tumor hipofisário pode secretar excesso de hormônio de crescimento. Se isso ocorrer em crianças e adolescentes, esses indivíduos crescerão demasiado, tornando-se gigantes. Se ocorrer em indivíduos adultos, as extremidades (mãos, pés, nariz, língua) crescerão, dando origem a uma doença que chamamos de acromegalia. Os indivíduos com esse tipo de tumor possuem também risco aumentado para o aparecimento de tumores em outras partes do corpo, bem como de problemas cardíacos.
Cerca da metade dos tumores da hipófise não secreta nenhum tipo de hormônio, e causa sintomas somente quando atinge tamanho suficiente para comprimir as estruturas cerebrais ao redor, em especial os nervos da visão.
O tratamento adequado desses tumores pode levar ao desaparecimento completo dos sintomas causados por eles, bem como à diminuição dos riscos à saúde que em geral ocasionam. Esses tratamentos devem ser sempre iniciados o mais breve possível.
O tratamento cirúrgico é o preferido na maioria dos indivíduos que possuem tumores hipofisários que não sejam prolactinomas . A cirurgia hipofisária desenvolveu-se enormemente nas últimas décadas. Em seus primórdios era realizada por meio de abertura do crânio, sem iluminação e magnificação adequadas, com resultados bastante ruins. A introdução do microscópio cirúrgico foi um grande avanço, e o tratamento realizado pelo nariz tinha resultados bem melhores. No entanto, foi o aparecimento da neuroendoscopia que revolucionou na última década o tratamento dos indivíduos portadores de tumores hipofisários. Modernamente, times multidisciplinares, com otorrinolaringologistas e neurocirurgiões trabalhando em conjunto, utilizam endoscópios de altíssima resolução, em 2D ou 3D; consegue-se comumente a retirada do tumor e a preservação da hipófise. Além disso, métodos de imagem de alta resolução, como a neuronavegação e a ressonância magnética também foram incorporados pelos cirurgiões que operam a glândula hipófise. Como em outros tipos de cirurgia, a experiência do cirurgião e da equipe que o assessora é fundamental no resultado. Com adequada atenção médica, o tratamento é em geral eficaz.
Quem faz Letra de Médico
Adilson Costa, dermatologista
Adriana Vilarinho, dermatologista
Ana Claudia Arantes, geriatra
Antônio Frasson, mastologista
Artur Timerman, infectologista
Arthur Cukiert, neurologista
Enis Donizetti, anestesiologista
Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião
Bernardo Garicochea, oncologista
Claudia Cozer Kalil, endocrinologista
Claudio Lottenberg, oftalmologista
Daniel Magnoni, nutrólogo
David Uip, infectologista
Edson Borges, especialista em reprodução assistida
Enis Donizetti Silva, anestesiologista
Fernando Maluf, oncologista
Freddy Eliaschewitz, endocrinologista
Jardis Volpi, dermatologista
José Alexandre Crippa, psiquiatra
Luiz Rohde, psiquiatra
Luiz Kowalski, oncologista
Marcus Vinicius Bolivar Malachias, cardiologista
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Mauro Fisberg, pediatra
Miguel Srougi, urologista
Paulo Hoff, oncologista
Paulo Zogaib, fisiologista
Raul Cutait, cirurgião
Roberto Kalil – cardiologista
Ronaldo Laranjeira, psiquiatra
Salmo Raskin, geneticista
Sergio Podgaec, ginecologista
Sergio Simon, oncologista