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Colesterol é o fator de risco menos controlado para proteger o coração

Eis a conclusão de um estudo feito pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), que ainda alerta para sobreposição de ameaças às artérias

Por Henrique Fonseca, Maria Cristina Izar e Luciano Drager*
Atualizado em 16 Maio 2024, 00h01 - Publicado em 8 jun 2023, 08h00
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  • Não está fácil para o coração de boa parte dos brasileiros. É o que descobrimos por meio do Estudo Epidemiológico de Informações da Comunidade (EPICO), conduzido pela Socesp junto a 7 724 indivíduos com pelo menos um fator de risco cardiovascular – hipertensão, diabetes, colesterol elevado etc. – atendidos em 322 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de 32 municípios paulistas.

    O trabalho mostrou que a maioria deles – 61,7% – apresentava dois ou três fatores de risco para doenças cardiovasculares, enquanto 31% conviviam com um fator e 7,3% encaravam quatro ou mais comorbidades que predispõem a problemas do coração.

    Entre as ocorrências mais comuns, a hipertensão foi a mais recorrente, com 96,2% de acometimentos, seguida pelo diabetes tipo 2 (78,8%) e pelo colesterol elevado (71,1%). Quase oito em cada dez participantes tinham sobrepeso ou obesidade, sendo as mulheres mais representativas nesse quesito.

    A idade média do público avaliado foi de 59,2 anos, sendo 66% dele composto de mulheres. Apenas um quarto estava com o índice de massa corporal (IMC) considerado normal.

    A pressão arterial estava dentro dos parâmetros em 34,9% dos pacientes e também se observou uma questão sociológica ligada a esse aspecto: uma correlação entre a escolaridade mais alta e valores de pressão abaixo dos 13 por 8, o recomendado.

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    Já a glicemia permanecia sob controle em 29,5% dos entrevistados. A pior situação, porém, foi a do colesterol: apenas 13,9% do público com o problema estava com os níveis dentro das metas.

    Apesar de o grupo ser de pessoas já impactadas por pelo menos um fator de risco, a falta de atividade física regular foi admitida por mais da metade da amostragem (54,3%). A apuração também encontrou um alto índice de fumantes entre os participantes, sendo o cigarro outro inimigo do sistema cardiovascular.

    Devido à sua relevância, o estudo acaba de ser publicado pelo Global Heart, principal veículo de comunicação da World Heart Federation, que funciona como uma plataforma para a disseminação de conhecimento em cardiologia.

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    O desafio prevalece

    Um estudo anterior havia revelado que as taxas de mortalidade cardiovascular no estado de São Paulo não caíram na última década, o que se justifica diante da falta de controle das doenças que levam a problemas cardiovasculares, algo demonstrado no último EPICO. E isso considerando que o Sistema Único de Saúde (SUS) faz a distribuição gratuita de remédios para diabetes, hipertensão e colesterol elevado.

    Mas o fácil acesso aos tratamentos não parece surtir o efeito desejado entre os pacientes com condições pré-existentes, o que nos leva a concluir que a prevenção primária continua como um desafio de saúde pública, especialmente em comunidades de baixa e média rendas.

    O fato de essas doenças não causarem sintomas pode ser uma das razões para se negligenciar os cuidados que exigem medicamentos de uso contínuo. Aumentar a triagem das doenças não transmissíveis nas UBSs é uma das possibilidades para mudar o cenário.

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    Os resultados da nova pesquisa, assim como a atualização de diretrizes e informações confiáveis aos médicos e à população, estarão contemplados no congresso anual da Socesp, entre os dias 8 e 10 de junho na capital paulista.

    * Henrique Fonseca é doutor em medicina, imunologista e head de Estudos Clínicos em Vacinas e Imunoterapias na Academic Research Organization do Hospital Israelita Albert Einstein (SP); Maria Cristina Izar é cardiologista, diretora da Socesp e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); e Luciano Drager é cardiologista e diretor de promoção e pesquisa da SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo

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