Bronquiolite, o vilão do momento contra as crianças
Aumento expressivo de casos de doença respiratória grave nas crianças deve ser motivo de preocupação entre pais e autoridades
Neste ano, muitos estados vêm detectando um aumento expressivo de casos de doença respiratória grave nas crianças (SRAG – síndrome respiratória aguda grave), com grande ocupação e consequente falta de leitos hospitalares infantis, especialmente de terapia intensiva (UTI). O Amapá, por exemplo, decretou, recentemente, situação de emergência em saúde pública no estado.
Os principais vírus envolvidos nesses casos são os já conhecidos sincicial respiratório (VSR), influenza e o coronavírus da Covid-19, com maior destaque para o VSR, levando a doenças como a bronquiolite e a pneumonia.
Sabe-se que nesta época do ano há uma forte tendência de aumento de casos (sazonalidade), reflexo de condições climáticas que facilitam a multiplicação viral e do próprio comportamento da população, que se aglomera mais em ambientes menos ventilados; porém, soma-se a esses fatores já conhecidos, neste ano, a baixa circulação desses vírus nos últimos anos em função das medidas restritivas de distanciamento e uso de máscaras, além do próprio protagonismo do coronavírus, que tomou conta do cenário durante a pandemia.
Com o retorno das atividades escolares, criaram-se condições para a circulação dos demais vírus, encontrando desta vez uma população de crianças sem exposição prévia a eles, o que favorece as altas taxas de transmissão.
Segundo o Ministério da Saúde, de janeiro a março de 2023 foram registrados mais de 3 mil casos de SRAG por VSR, a maioria em crianças menores de 4 anos de idade.
É fundamental reforçar, nesses períodos, a importância de medidas simples como a higiene das mãos, evitar aglomerações, a limpeza de superfícies, aumentar a ventilação de ambientes, manter a etiqueta respiratória além de, sempre que possível, afastar crianças doentes das demais.
Outra medida imprescindível é a imunização contra a gripe e a Covid-19, disponível gratuitamente para crianças a partir de 6 meses de idade. Embora ainda não haja uma vacina disponível contra o VSR, bebês mais vulneráveis, como os prematuros, devem receber nesta época do ano um anticorpo específico contra ele, que o protegerá deste grande vilão do momento.
Fiquemos de olho e protejamos nossas crianças!
*Renato Kfouri é pediatra infectologista, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).