Bebida energética: os riscos da taurina para a saúde
As bebidas energéticas, ricas em substâncias como cafeína e taurina, devem ser consumidas com moderação, pois podem sobrecarregar o coração
Energético é uma bebida que estimula o metabolismo e tem como finalidade fornecer energia, diminuindo sintomas como o sono e o cansaço. Esse tipo de bebida apresenta em sua composição substâncias capazes de atingirem nosso córtex cerebral, inibindo a ação da adenosina, um neurotransmissor que induz ao sono. A bebida é largamente consumida por atletas em rotina de competição com o intuito de melhorar o rendimento esportivo.
Composição
Existem no mercado muitas marcas de energéticos, cada qual diferindo em sua composição. A base da formulação consiste na presença de taurina, cafeína e açúcar. A cafeína é um estimulante que age no sistema nervoso central, inibindo o sono e, consequentemente deixando o indivíduo em estado de alerta. Já a taurina, é um aminoácido sintetizado, principalmente, no fígado e cérebro, que ajuda na regulação dos níveis de água e sais minerais do sangue, além de atenuar a fadiga muscular.
A ingestão média diária de taurina entre os consumidores de bebidas energéticas é de aproximadamente 0,4 gramas, aumentando para cerca de 1,0 grama entre altos consumidores. A concentração de taurina contida nos energéticos é mais alta que a quantidade encontrada em outros produtos.
No Brasil, a Resolução RDC nº 273 de 22/09/2005, do Ministério da Saúde, estabelece o limite máximo de taurina como ingrediente para o composto líquido pronto para consumo em 400 mg/100 ml.
Riscos à saúde
Um estudo ecocardiográfico demonstrou um aumento na força de contração do músculo cardíaco uma hora após a ingestão de bebida energética contendo taurina e cafeína em sua composição, sugerindo um efeito positivo exercido por esses compostos, atribuído especialmente à ação da taurina, fato preocupante em relação ao desencadeamento de arritmias.
Ainda com base na ecocardiografia, foi demonstrado um aumento no risco de acidente vascular cerebral após o consumo de energéticos contendo cafeína e taurina em comparação com os controles que receberam as variantes do mesmo energético contendo apenas cafeína ou nem cafeína nem taurina, respectivamente. Além disso, foi demonstrado que adicionar taurina à cafeína não aumentou ou reduziu significativamente o efeito da cafeína.
Um importante estudo realizado com triatletas masculinos de longa distância, com idades entre 25-35 anos, avaliou, por meio de exames de sangue, os marcadores de dano muscular, marcadores inflamatórios e desempenho esportivo. Nesse estudo houve a suplementação de 3,0 gramas de taurina ou placebo (substância neutra em qualquer atividade) associado com 400 ml de leite com chocolate de baixo teor de gordura durante um período de 8 semanas. Foi constatado que a suplementação de taurina não proporcionou benefícios no desempenho e nos danos musculares dos triatletas.
Pessoas saudáveis devem ingerir com moderação
Estudos adicionais ainda devem ser realizados para abordar os efeitos a longo prazo da taurina, principalmente em indivíduos que já apresentem doença cardiovascular. Assim sendo, adultos com problemas cardíacos devem evitar o consumo de bebidas energéticas. Já indivíduos saudáveis precisam ficar atentos em relação à quantidade ingerida, por conta da sobrecarga cardíaca induzida por esse tipo de bebida.
Quem faz Letra de Médico
Adilson Costa, dermatologista
Adriana Vilarinho, dermatologista
Ana Claudia Arantes, geriatra
Antonio Carlos do Nascimento, endocrinologista
Antônio Frasson, mastologista
Artur Timerman, infectologista
Arthur Cukiert, neurologista
Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião
Bernardo Garicochea, oncologista
Claudia Cozer Kalil, endocrinologista
Claudio Lottenberg, oftalmologista
Daniel Magnoni, nutrólogo
David Uip, infectologista
Edson Borges, especialista em reprodução assistida
Fernando Maluf, oncologista
Freddy Eliaschewitz, endocrinologista
Jardis Volpi, dermatologista
José Alexandre Crippa, psiquiatra
Ludhmila Hajjar, intensivista
Luiz Rohde, psiquiatra
Luiz Kowalski, oncologista
Marcus Vinicius Bolivar Malachias, cardiologista
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Mauro Fisberg, pediatra
Miguel Srougi, urologista
Paulo Hoff, oncologista
Paulo Zogaib, medico do esporte
Raul Cutait, cirurgião
Roberto Kalil, cardiologista
Ronaldo Laranjeira, psiquiatra
Salmo Raskin, geneticista
Sergio Podgaec, ginecologista
Sergio Simon, oncologista