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Alisson Becker: a rosácea no gol do Brasil

Parece acne o que o goleiro Alisson Becker tem no rosto, mas não é. Apresento-lhes a rosácea.

Por Adilson Costa
Atualizado em 6 jul 2018, 16h17 - Publicado em 6 jul 2018, 12h40
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  • O desempenho do Brasil é assunto atual em grande parte das rodas de conversa, tanto no Brasil, quanto no resto do mundo. Nas rodas femininas, um outro assunto são os atributos estéticos do goleiro brasileiro, Alisson Becker. Em todas as rodas, porém, assim como nos consultórios dermatológicos, uma pergunta sempre vem à tona: o que o goleiro Alisson tem no rosto? Aí, eu lhes informo: provavelmente, trata-se de rosácea!

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    O que é a rosácea?

    A rosácea é uma dermatose crônica, caracterizada por vermelhidão facial intermitente, no início do quadro, evoluindo, com o passar do tempo, o eritema (vermelhidão) fixo na pele, associada à dilatação de pequenos vasos dérmicos (telangiectasias), pápulas (bolinhas vermelhas) e pústulas (pontos de pus). Com o passar do tempo, essa inflamação se perpetua, agravando-se, levando ao espessamento e fibrose da pele.

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    Não existem estatísticas universais a respeito, pois ela varia de região para região. Sabe-se que atinge mais as pessoas de pele clara, caucasiana, principalmente àquelas que tenham antecedência europeia (daí, do nosso goleiro: Becker, é o seu sobrenome). Os trabalhos apontam para uma incidência de 1% a 10% da população, sendo mais frequente entre as mulheres, mas mais grave nos homens.

    Em recente enquete realizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, ainda a ser publicada, a rosácea esteve presente em 1,3% das consultas dermatológicas, sendo o mesmo que dizer que 2.700 milhões de brasileiros a possuem.

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    Por que a rosácea ocorre?

    A fisiopatogenia (como a doença ocorre) da rosácea é complexa e ainda está cheia de perguntas não explicadas. Grosso modo, sabemos que ocorrem alterações na parede dos pequenos vasos dérmicos, que se mantêm dilatados permanentemente, levando à degradação da matriz (leito) dérmico e à permanente vermelhidão da pele. Em alguns casos, porém, estudos sugerem que essa inflamação crônica favorece a proliferação de um ácaro que faz parte da biota normal de nossa pele, o Demodex, o que pioraria ainda mais o quadro clínico.

    Fatores agravantes/desencadeantes são a exposição solar (provavelmente, o que têm ocorrido com o Alisson), mesmo que mínima, mudança abrupta de temperatura (por exemplo, sair da piscina e ir para a sauna, e vice-versa), estresse emocional (provavelmente, também o que ocorre com o Alisson), além de comidas apimentadas, ingestão alcoólica e de bebidas quentes, como a ingestão de chá.

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    Algumas medicações, como amiodarona (antiarrítmico cardíaco), corticoides tópicos, descongestionantes nasais à base de corticoides e altas doses de vitaminas B6 e B12 podem piorar essa dermatose.

    Tipos de rosácea

    Diagnóstico e tratamento

    O diagnóstico é basicamente clínico, uma vez que a presença dos sinais e sintomas acima já são o suficiente para o diagnóstico dermatológico.

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    Embora seja uma doença que não tem cura, a rosácea é muito bem controlada, desde que a procura pelo dermatologista seja precoce, o tratamento acompanhado frequentemente pelo médico e o paciente esteja consciente de que o tratamento, assim como a não exposição aos fatores agravantes/desencadeantes, são primordiais ao sucesso.

    Pode-se dividir o tratamento em dois: orientações gerais e medicamentos.

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    Orientações Gerais

    Medicamentos

    1. antibióticos tópicos: metronidazol, eritromicina ou clindamicina;
    2. antibióticos sistêmicos: eritromicina, derivados tetraciclínicos (minociclina, tetraciclina, limeciclina ou doxiciclina) ou claritromicina.

    Para o nosso goleiro, não há motivos para maiores preocupações. Ele está fazendo um excelente trabalho ao bem defender a nossa seleção; ao retornar à sua residência, e o diagnóstico de rosácea for definitivamente estabelecido, ele poderá se beneficiar clinicamente de qualquer dos tratamentos acima citados.

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    Porém, não só para o Alisson, mas para qualquer paciente com rosácea, como já falei no início da matéria, a procura precoce do dermatologista, a instituição do tratamento correto, o acompanhamento dermatológico frequente e, principalmente, a adesão do paciente ao que lhe foi prescrito são a chave do sucesso para a abordagem da rosácea.

    Vai a dica. Até o próximo mês!

     

    O dermatologista Adilson Costa

     

    Quem faz Letra de Médico

    Adilson Costa, dermatologista
    Adriana Vilarinho, dermatologista
    Ana Claudia Arantes, geriatra
    Antonio Carlos do Nascimento, endocrinologista
    Antônio Frasson, mastologista
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    Jardis Volpi, dermatologista
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    Sergio Simon, oncologista  

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