Socialmente tolerada, mas temida, a alopecia androgenética, vulgarmente conhecida como calvície, uma condição de pele capaz de deixar qualquer um “de cabelo em pé”.
Essa forma mais comum de queda de cabelo surge, geralmente, ao redor dos 20 anos de idade, atingindo, aproximadamente, 50% dos homens até os seus 50 anos de idade. Entre as mulheres, cerca de 10% delas são afetadas até os 30 anos de idade, 50%, até os 50 anos e 75%, até os 65 anos. Progressivamente, o cabelo vai se afinando, permitindo que a pele do couro cabeludo fique visível, pode ocasionar perda da autoestima e bem-estar psicológico entre os seus portadores.
O que causa a calvície
O sobrenome científico da calvície, “androgenética”, representa diretamente os fatores que lhe dão origem: hormônios sexuais e predisposição genética. Sem dúvida alguma, dos hormônios androgênicos, ou seja, que conferem algum tipo de ação masculina no nosso corpo, a testosterona é o mais potente. Ele é também o hormônio que atua de forma decisiva na gênese da calvície: por si, não causa o problema, mas seu derivado metabólico, a diidrotestotesterona (DHT), formado pela atuação da enzima a 5-alfa redutase tipo 2 sobre a testosterona, age nos receptores androgênicos existentes no folículo pilosos, fazendo-o cair.
Na imensa maioria das vezes, esses hormônios estão em quantidade absolutamente normal no corpo. O que causa a queda dos fios é a avidez desses receptores por esses hormônios. Isso é determinado geneticamente.
Por ser uma doença de pele muito frequente e, possivelmente, estigmatizante, os cientistas investem há várias décadas seus esforços na busca da cura e/ou prevenção da calvície. Sem dúvida alguma, além da medida extrema do implante capilar, quando se tem uma perda substancial de fios, com exposição de grande área do couro cabeludo, medicamentos de uso oral e tópico têm sido usados.
De acordo com um recente estudo publicado nessa linha por pesquisadores da Tokyo Medical and Dental University, com o passar dos anos o DNA das células-tronco do folículo piloso se danifica, razão pela qual, a partir dos 55 anos, os folículos pilosos das pessoas são menores. Esse DNA danificado permitiria a destruição do colágeno 17 (também conhecido por Col17a1), importante para a manutenção dessas células. Nesse caso, essas células se transformam em células comuns]da pele, que não têm capacidade de produzir pelo. Logo, tais resultados sugerem que, no futuro tratamentos contra a calvície podem vir da abordagem do Col17a1.
Em um estudo francês, publicado na prestigiada revista Journal of Investigative Dermatology, mostrou que a falta de oxigênio (hipóxia) nessas células parece ser o fator primordial para a manutenção de sua sobrevida. Tal cenário pode ser facilmente detectado pela presença de um elemento, o HIF1, do termo em Inglês “hypoxia-inducible transcription factor 1”. Sem dúvida alguma, a preservação dessa hipóxia, bem como a manutenção das concentrações ótimas de HIF1 também são fundamentais para manter os reservatórios de células-tronco no couro cabeludo.
Os tratamentos
A finasterida, de uso oral, age sobre a 5-alfa redutase tipo 2, diminuindo sua atuação, logo, diminuindo a atuação da DHT nos fios; o minoxidil, de uso tópico, tem mecanismo de ação ainda desconhecido, mas aparentemente atua sobre as células, melhorando o fluxo sanguíneo no fio capilar.
Tanto o minoxidil quanto a finasterida são seguros para uso, estão no mercado há mais de duas décadas. Contudo, efeitos adversos podem advir de seu uso exagerado e, muitas das vezes, o resultado clínico benéfico não é o que seria esperado pelos seus usuários. Além do mais, o minoxidil pode ser usado por pessoas de ambos os sexos, mas, de preferência, entre os homens – há risco de masculinização do feto caso a mulher engravide sob a vigência de seu uso.
Estudos com células-tronco têm mostrado uma esperança para os dermatologistas e os pacientes calvos. As células-tronco são as responsáveis pela produção do fio. Diferentemente daquelas presentes no resto do corpo, elas regeneram-se por ciclos de crescimento e calmaria, respectivamente, fazendo o cabelo crescer e cair. Aparentemente, essas células-tronco vão encolhendo com o passar dos anos, deixando os fios envelhecidos e finos, até que desaparecem de vez.
Enfim, embora ainda longe de termos uma cura imediata para a calvície recentes avanços no campo da ciência têm mostrado que ela poderá vir através das células-tronco, cujos resultados promissores já começaram a surgir. Em alguns anos, com o advento de métodos preventivos e/ou curativos da calvície baseados nessas células, o problema poderá se tornar algo do passado, talvez, representando uma marca evolutiva da espécie humana.