“Ok, a desgraça foi anunciada para o ano que vem”, ironizou Paulo Guedes, ministro da Economia, ontem, ao comentar as apostas no mercado financeiro no declínio da economia em 2022, ano de eleições gerais.
O clima pessimista deriva da perspectiva de aumento do Produto Interno Bruto no próximo ano em ritmo abaixo da média de crescimento populacional (1,2% ao ano). Se confirmados os prognósticos, seria um epílogo desastroso, em pleno ano eleitoral, de mais uma década perdida no desenvolvimento nacional.
A “rolagem de desgraças”, no sarcasmo de Guedes, pode ser resumida da seguinte forma: na hipótese mais otimista, desenhada pelo banco Safra, o país vai crescer 1,1%; na versão mais pessimista, o JP Morgan projeta crescimento de 0,9% do PIB — mas há quem estime metade disso.
Guedes dá sinais de solidão no governo e fora dele. Poderia se inspirar numa releitura de John Kenneth Galbraith (1908-2006), que dizia sobre os economistas e suas previsões: “Eles gostam de ficar brigando entre si para não correr o risco de estar todos errados ao mesmo tempo”. Em pouco mais de 15 meses será possível saber quem errou primeiro.