Um mês depois, governo não sabe como resolver fraude no INSS
Advogado-geral da União insinua que a culpa pelo atraso na devolução do dinheiro da roubalheira será do Congresso, por insistência na criação de uma CPMI

Um mês depois da revelação da roubalheira nas aposentadorias e pensões, o governo ainda não conseguiu dimensionar a fraude nem distinguir quantas e quais são as organizações sindicais, as empresas privadas e os servidores públicos envolvidos.
Se passaram quatro semanas desde que a Justiça Federal autorizou prisões temporárias e 211 mandados de busca e apreensão em 14 estados, além de bloqueio de 1 bilhão de reais em bens de pessoas e empresas sob investigação.
O governo, até agora, não conseguiu ir além do que já sabia um mês atrás, quando a Controladoria-Geral da União e a Polícia Federal estimaram em 2,6 bilhões de reais o valor mínimo coletado nos “descontos indevidos” em aposentadorias e pensões.
Como não consegue saber quantas pessoas foram roubadas, nem quanto dinheiro perderam, o governo patina e não consegue avançar na análise de alternativas para solução sobre o ressarcimento dos clientes do INSS.
O instituto federal corre risco de vir a ser responsabilizado pelas fraudes, em parceria com organizações sindicais e empresas privadas envolvidas, porque mais de 1,5 milhão de vítimas já declararam não ter autorizado descontos nas aposentadorias e pensões.
Há uma evidente desconexão dos órgãos governamentais. Nesta terça-feira (20/5) o advogado-geral da União, Jorge Messias, usou a rede federal de rádio e televisão para reiterar a promessa de “ressarcimento integral” das pessoas lesadas.
Ele não soube dizer quando nem de que forma será feito. Preferiu insinuar que a culpa pelo atraso na devolução do dinheiro da roubalheira será do Congresso, por insistência na criação de uma comissão para investigar as fraudes no INSS. “Eu me preocupo se uma CPMI não pode atrapalhar esse processo de devolução dos recursos” — disse.
Messias não explicou como uma investigação parlamentar sobre as fraudes poderia atrasar ainda mais a reparação às vítimas. Reforçou a impressão de que, um mês depois, o governo ainda não encontrou o rumo na crise do INSS.