O Ministério Público de Minas Gerais pediu à Justiça que obrigue as mineradoras Vale, BHP Billiton e Samarco a cumprir sentença judicial e paguem R$ 2,5 bilhões em indenizações às vítimas do rompimento da barragem de Mariana (MG).
O desastre aconteceu em novembro de 2015. Provocou a morte de 19 pessoas e poluiu a bacia do Rio Doce num perímetro de 630 quilômetros até o litoral do Espírito Santo.
A barragem era da Samarco, controlada pela Vale e BHP e que está em recuperação judicial. Seis anos depois, as empresas pagaram apenas um terço das indenizações previstas pela Justiça, alega o Ministério Público.
É notável que duas das mais lucrativas mineradoras do mundo sejam interpeladas em tribunais por dívidas judiciais não pagas, enquanto distribuem dividendos extraordinários, e legítimos, aos acionistas.
Não é por escassez de dinheiro, certamente. Ano passado a Vale lucrou R$ 87,34 bilhões (antes de juros, impostos, depreciação e amortização), mais que o dobro dos R$ 42,31 bilhões de 2019. E o grupo BHP acaba de bater o próprio recorde de lucratividade na década, registrando cerca de R$ 90 bilhões no ano fiscal de 2021.
Numa conta de padaria, os sócios (50% cada) na desastrada Samarco embolsaram nos últimos 18 meses um volume de dinheiro 71 vezes maior que a dívida judicial pendurada em Mariana. E ainda deixaram um rastro de 630 quilômetros de prejuízos ambientais, naturalmente, incalculáveis.