O PSD é um enigma que vai completar onze anos em fevereiro. “Não será um partido de direita, não será de esquerda, nem de centro”, anunciou Gilberto Kassab, presidente do partido, na fundação em 2011, quando era prefeito de São Paulo. A profecia se renova.
Hábil negociador, há meses Kassab lança e relança a candidatura presidencial de Rodrigo Pacheco, que comanda o Senado.
Em tese, a candidatura do senador mineiro teria potencial de unir Minas Gerais, segundo maior colégio do país, o que aumentaria o cacife do seu partido nesta temporada eleitoral. Pacheco reluta.
Não sendo de direita, de esquerda nem de centro, o PSD se mantém aberto a negociações. Kassab tem conversado com Lula. Pacheco negocia com Bolsonaro, com ajuda do filho-senador do presidente, Flávio.
É impossível dizer se Kassab vai conseguir convencer Pacheco a entrar na presidencial. Já se sabe, no entanto, que o próximo líder do Governo Bolsonaro no Senado deve sair dos quadros do PSD de Kassab. E por indicação de Pacheco.
Trata-se de Alexandre Silveira, advogado, ex-delegado de polícia, ex-deputado federal e suplente do senador Antonio Anastasia.
Ex-governador de Minas, Anastasia foi indicado por Pacheco para uma poltrona no Tribunal de Contas da União.
Acabou escolhido pelo Senado, presidido por Pacheco, com votos decisivos da bancada que apóia o governo Bolsonaro.
Anastasia assume no TCU em fevereiro e abre vaga para o suplente Silveira, que ontem foi convidado por Bolsonaro para ser o líder do governo no Senado.
Há sete anos Silveira preside o PSD em Minas. Quando Pacheco assumiu a presidência do Senado, entregou a Silveira a diretoria jurídica da Casa. Com o apoio de Anastasia.
Minas é um grande acordo político. Mas vai ser difícil para Kassab ou Pacheco explicar essa salada mineira: como e porque o PSD, que pretende disputar a presidência da República, terá um dos seus 12 senadores como porta-voz do governo Bolsonaro no plenário do Senado.