Jair Bolsonaro e Lula, líderes nas pesquisas eleitorais, revelaram um desejo comum: reverter a política de preços e os lucros da Petrobras.
Lula anunciou: “Digo em alto e bom som: nós não vamos manter essa política de preços de aumento do gás e da gasolina que a Petrobras adotou por ter nivelado os preços pelo mercado internacional.”
Acrescentou: “Quem tem que lucrar com a Petrobras é o povo brasileiro.”
Dias atrás, Bolsonaro disse: “[A Petrobras] tem que ser uma empresa que dê um lucro não muito alto, como tem dado. Além de lucro alto para acionistas, a Petrobras está pagando dívidas bilionárias de ‘assaltos’ que ocorreram há pouco tempo na empresa.”
Arrematou: “Os dividendos são, no meu entender, absurdos, 31 bilhões de reais em três meses! É uma empresa que, hoje em dia, está prestando serviços para acionistas, mais ninguém. Eu não quero na parte da União ter esse lucro fantástico.”
Acionistas da Petrobras devem dividir R$ 63 bilhões em lucros neste ano. Vai ser o maior valor da história da empresa. Até agora, o recorde era do governo Dilma Rousseff, que pagou o equivalente a R$ 30 bilhões em 2009 (valor atualizado).
Bolsonaro e Lula ecoam o protesto de sindicalistas a Expedito Machado, ministro de Obras Públicas do governo João Goulart. Em 1963, no Rio, ele estava em reunião com Roberto Campos, embaixador do Brasil em Washington, quando líderes sindicais da Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro invadiram sua sala.
— Ministro, quero denunciar ao senhor e à nação um crime da maior gravidade. Querem impelir o Lloyd Brasileiro para o caminho infame do lucro!” — protestou um deles.
A resposta de Expedito veio pronta, contou Campos no livro de memórias “A lanterna na popa“:
— Não se preocupem, meus senhores. O déficit logo será restabelecido. O Lloyd não se afastará da sua tradição!”