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Pandemia mudou a cabeça dos brasileiros

A crise pandêmica está mudando a compreensão do papel do Estado e, também, das prioridades no uso dos impostos para reduzir desigualdades no país

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 Maio 2021, 10h52 - Publicado em 31 Maio 2021, 09h00

A pandemia está mudando a compreensão das pessoas sobre papel do Estado no desenvolvimento social e, também, das prioridades governamentais no uso dinheiro dos impostos para reduzir desigualdades no país.

É o que mostra uma pesquisa do instituto DataFolha para a seção brasileira da Oxfam, organização não governamental nascida em 1942 no Reino Unido para socorrer vítimas da ocupação nazista na Grécia. A Oxfam atua no Brasil desde o final da década de 60 do século passado.

É o terceiro levantamento anual sobre como os brasileiros percebem suas desigualdades de renda, de raça, de gênero e entre regiões. Foram feitas 2.079 entrevistas presenciais em 130 municípios, na primeira quinzena de dezembro, com duração média de 20 minutos.

Para ampla maioria (86% dos entrevistados), a principal condicionante da prosperidade do país é a redução da desigualdade social.

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DataFolha/Oxfam, dezembro 2020
(DataFolha/Oxfam, dezembro 2020/VEJA)

Ela se reflete no sistema tributário. Quase todos (94%) entendem ser necessário um aumento nos impostos para os mais ricos para “beneficiar, principalmente, a educação, moradia e saúde dos mais pobres”. Há concordância total (82%) e parcial (12%) com essa ideia.

O papel do governo nesse tipo de iniciativa política ganhou relevo na pandemia.

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Em dezembro, a maioria (56%) concordava que governantes deveriam tomar a iniciativa de aumentar a tributação dos ricos, com o objetivo expresso de melhorar as condições educacionais, sanitárias e habitacionais dos pobres. Outros (43%) discordavam.

O efeito pandêmico é notável, comparados aos resultados da pesquisa anterior, realizada em fevereiro de 2019. A aprovação, nesse caso, saltou de 31% para 56% em meio à catástrofe da Covid-19.

Em contrapartida, perdeu força o apoio à noção de oferta de serviços estatais gratuitos de saúde e educação para todos, independente da condição de renda.

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Em fevereiro de 2019, a maioria (75%) consideravam que a oferta pública de escolas de ensino fundamental e médio deveria ser universal, não importava a renda individual ou familiar. Para minoria (22%), elas deveriam ser direcionadas somente para quem não pudesse pagar.

Mudou essa maioria a favor do ensino público universal e gratuito. Ficou menor (69%) na pandemia. E cresceu (29%) a quantidade dos que passaram a entender que a prioridade do sistema público de educação deve ser quem não pode pagar.

A tendência é perceptível quanto à oferta universal e gratuita para todos de creches (o apoio caiu de 64% para 58%); de escolas de ensino fundamental e médio (declínio de 75% para 69%); e, também, de educação universitária (recuo de 64% para 59%), entre fevereiro de 2019 e dezembro de 2020.

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DataFolha/Oxfam, dezembro 2020
(DataFolha/Oxfam, dezembro 2020/VEJA)

 

Na Saúde é diferente. Permanece estável (72%) a defesa de serviços estatais grátis e para todos.

Há nuances. Reduziu-se o apoio da maioria (de 70% para 65%) a favor da gratuidade de serviços de cirurgia e tratamento de doenças graves ou mesmo de exames médicos (de 68% para 62%), sem considerar o nível de renda individual ou familiar.

Cresceu (de 30% para 37%) a proporção de pessoas com a opinião de que os mais ricos precisam ser cobrados e pagar pela assistência no sistema de saúde.

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Numa listagem de iniciativas com potencial de diminuir a distância entre os brasileiros mais ricos e os mais pobres, três foram destacados pelos entrevistados: combate à corrupção, investimento público em educação e garantia de direitos iguais entre homens e mulheres.

+ Mercado vê crescimento do PIB próximo dos 4% e inflação acima do teto

 

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