Pandemia mudou a cabeça dos brasileiros
A crise pandêmica está mudando a compreensão do papel do Estado e, também, das prioridades no uso dos impostos para reduzir desigualdades no país

A pandemia está mudando a compreensão das pessoas sobre papel do Estado no desenvolvimento social e, também, das prioridades governamentais no uso dinheiro dos impostos para reduzir desigualdades no país.
É o que mostra uma pesquisa do instituto DataFolha para a seção brasileira da Oxfam, organização não governamental nascida em 1942 no Reino Unido para socorrer vítimas da ocupação nazista na Grécia. A Oxfam atua no Brasil desde o final da década de 60 do século passado.
É o terceiro levantamento anual sobre como os brasileiros percebem suas desigualdades de renda, de raça, de gênero e entre regiões. Foram feitas 2.079 entrevistas presenciais em 130 municípios, na primeira quinzena de dezembro, com duração média de 20 minutos.
Para ampla maioria (86% dos entrevistados), a principal condicionante da prosperidade do país é a redução da desigualdade social.

Ela se reflete no sistema tributário. Quase todos (94%) entendem ser necessário um aumento nos impostos para os mais ricos para “beneficiar, principalmente, a educação, moradia e saúde dos mais pobres”. Há concordância total (82%) e parcial (12%) com essa ideia.
O papel do governo nesse tipo de iniciativa política ganhou relevo na pandemia.
Em dezembro, a maioria (56%) concordava que governantes deveriam tomar a iniciativa de aumentar a tributação dos ricos, com o objetivo expresso de melhorar as condições educacionais, sanitárias e habitacionais dos pobres. Outros (43%) discordavam.
O efeito pandêmico é notável, comparados aos resultados da pesquisa anterior, realizada em fevereiro de 2019. A aprovação, nesse caso, saltou de 31% para 56% em meio à catástrofe da Covid-19.
Em contrapartida, perdeu força o apoio à noção de oferta de serviços estatais gratuitos de saúde e educação para todos, independente da condição de renda.
Em fevereiro de 2019, a maioria (75%) consideravam que a oferta pública de escolas de ensino fundamental e médio deveria ser universal, não importava a renda individual ou familiar. Para minoria (22%), elas deveriam ser direcionadas somente para quem não pudesse pagar.
Mudou essa maioria a favor do ensino público universal e gratuito. Ficou menor (69%) na pandemia. E cresceu (29%) a quantidade dos que passaram a entender que a prioridade do sistema público de educação deve ser quem não pode pagar.
A tendência é perceptível quanto à oferta universal e gratuita para todos de creches (o apoio caiu de 64% para 58%); de escolas de ensino fundamental e médio (declínio de 75% para 69%); e, também, de educação universitária (recuo de 64% para 59%), entre fevereiro de 2019 e dezembro de 2020.

Na Saúde é diferente. Permanece estável (72%) a defesa de serviços estatais grátis e para todos.
Há nuances. Reduziu-se o apoio da maioria (de 70% para 65%) a favor da gratuidade de serviços de cirurgia e tratamento de doenças graves ou mesmo de exames médicos (de 68% para 62%), sem considerar o nível de renda individual ou familiar.
Cresceu (de 30% para 37%) a proporção de pessoas com a opinião de que os mais ricos precisam ser cobrados e pagar pela assistência no sistema de saúde.
Numa listagem de iniciativas com potencial de diminuir a distância entre os brasileiros mais ricos e os mais pobres, três foram destacados pelos entrevistados: combate à corrupção, investimento público em educação e garantia de direitos iguais entre homens e mulheres.
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