Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

José Casado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Informação e análise
Continua após publicidade

O ditador Ortega zomba de Lula, o PT silencia e o governo hesita

A pedido do papa Francisco, Lula telefonou a Ortega. O ditador não atendeu o presidente e, na sequência, expulsou o embaixador do Brasil

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 ago 2024, 22h54 - Publicado em 8 ago 2024, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Em junho do ano passado, Lula telefonou ao ditador da Nicarágua. Pretendia apelar a Daniel Ortega, que se diz de esquerda, para libertação do bispo católico Rolando Álvarez. “Conversei com o papa [Francisco] e ele me pediu que conversasse com Ortega sobre o bispo”, contou em recente entrevista. “O dado concreto é que Ortega não me atendeu ao telefone, não quis falar comigo.”

    Lula não gostou, e ordenou um discreto congelamento das relações com a Nicarágua. Nesta quarta-feira (7/8), o Itamaraty aguardava um comunicado sobre a expulsão do embaixador do Brasil em Manágua.

    Quando o presidente do Brasil telefona e o presidente da Nicarágua não atende, é óbvio que há um desentendimento. Quando o representante diplomático brasileiro é expulso, é sinal de rompimento de relações entre os países.

    Breno de Souza Brasil Dias da Costa assumiu a embaixada do Brasil em Manágua na terça-feira 16 de agosto de 2022, ainda no governo Jair Bolsonaro, quando Daniel Ortega já havia completado quinze anos no poder, sob patrocínio dos regimes ditatoriais de Cuba e da Venezuela. Há duas semanas disseram-lhe que deve abandonar o país.

    Ortega está no quarto mandato consecutivo, proeza conseguida com prisão, tortura e assassinato de adversários. Na última eleição, em novembro de 2021, revogou a nacionalidade, identidade e passaporte de uma candidata de oposição, encarcerou  outros seis candidatos e, também, 130 dos seus simpatizantes.

    Continua após a publicidade

    A fraude eleitoral de 2021 ficou evidente. Oito em cada dez nicaraguenses não votaram, segundo a organização Urnas Abiertas, que calculou abstenção média nacional em 81,5%. Ou seja, só dois em cada dez eleitores foram às urnas. E, entre esses, parcela significativa se recusou a votar em Ortega para presidente e sua mulher, Rosario Murillo, para vice. No resultado oficial, porém, o casal Ortega-Murillo recebeu 70% dos votos.

    De imediato, foi festejado pelo partido de Lula. Em nota pública, o PT celebrou a eleição fraudulenta ao quarto mandato — sem concorrência— como expressão de “grande manifestação popular e democrática” dos seis milhões de nicaraguenses.

    No Brasil, Lula se dedicava à costura de uma “frente ampla” para a eleição no ano seguinte. Como a repercussão da manifestação do PT foi negativa, ele orientou a cúpula do partido a recuar. A saída foi dizer que a nota de saudação à continuidade da ditadura na Nicarágua não havia sido aprovada pela direção partidária. Alguns petistas foram à posse de Ortega e receberam seus representantes na posse de Lula, um ano depois.

    Continua após a publicidade

    Em junho do ano passado, o apoio do governo Lula ao regime de Ortega foi contestado na assembleia anual da Organização dos Estados Americanos. Havia uma proposta de crítica à supressão de liberdades e escalada repressiva na Nicarágua. A ambiguidade da posição brasileira foi percebida como manobra para “suavizar” a crítica coletiva à ditadura. Mais de 300 expatriados nicaraguenses protestaram contra o governo brasileiro na OEA.

    Sob pressão, o governo Lula recuou. Aceitou questionar as violações de direitos humanos na Nicarágua como estavam propondo os governos do Canadá, Costa Rica, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Chile. Fez uma ressalva: insistiu em manter “aberto os canal” de diálogo.

    Um ano depois, Lula apostou nesse “canal”. Telefonou a Ortega, a quem conhece e apoia desde as jornadas anti-imperialistas dos anos 80 do século passado. O ditador zombou: não atendeu o presidente e, na sequência, expulsou o embaixador do Brasil. O PT  silenciou, sequer protestou em defesa do seu líder. E o governo hesita na reação à ditadura da Nicarágua, assim como ao seu patrocinador da Venezuela.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.