“Como na democracia se demora em resolver os problemas, florescem os autocratas. Aparecem autocratas que lhe dizem: ‘Dê-me mais poder e eu resolvo rapidamente. Dê-me mais poder e eu lhe darei um presente maravilhoso.’ Claro, ao custo da coisa mais importante que temos, que é a liberdade, e nosso futuro. Eles não têm nenhum problema em lhe dar o melhor futuro gastando todas as economias da sociedade. As reservas do Banco Central, a poupança dos aposentados, as reservas de gás e petróleo. Porque essas autocracias se combinam com o populismo. E o populismo tem uma paixão por dar energia. O que importa? É dar de presente. Tudo de graça. Até que essas reservas se esgotem, tudo é maravilhoso: todo mundo tem tudo de graça. E o que eles fazem quando ficam sem recursos? Eles começam a imprimir cada vez mais dinheiro. No começo também é muito bom, é a mesma sensação da morfina, me disse um ex-presidente. Então, vem a inflação e te rouba tudo o que eles te deram. E isso cria cada vez mais pobreza. E aí, o que fazem os autocratas populistas? Inventam todo tipo de culpados, inimigos fictícios, corporações, empresários gananciosos e egoístas que aumentam os preços. Os Estados Unidos sempre aparecem. Os EUA são os vilões favoritos. Sempre colocando a culpa nos outros com uma narrativa forte (…) Talvez isso tenha se originado na América Latina. E a Argentina que sempre inovou, infelizmente, para pior na política há várias décadas, foi um dos lugares onde começou. Primeiro com [Hipólito] Yrigoyen [duas vezes presidente e fundador da União Cívica Radical, aliada de Macri], e depois com [Juan Domingo] Perón [três vezes presidente] e Evita [ícone do peronismo], que eram bem conhecidos no mundo. Tem sido muito contagioso e, hoje, se espalhou para o resto do mundo.”
(Mauricio Macri, ex-presidente da Argentina no período 2015 a 2019.)