Líderes nas pesquisas de intenção de voto, Lula e Jair Bolsonaro estão em campanha para uma eleição que só vai acontecer em 14 meses. É legítimo.
Mas é notável o empenho de ambos em viver do passado, para o pretérito, e pelo que ficou envelhecido.
Lula terminou a semana com uma promessa: “Se eu voltar [ao poder], vou regular os meios de comunicação deste país.”
Bolsonaro voltou a sinalizar sua prioridade de governo — armas. Até chamou de “idiota” quem prefere comprar comida em vez de fuzil (modelo barato custa em média R$ 12 mil, equivalente a um ano de cestas básicas de alimentos na era do bolsonarismo).
Lula está na política há 43 anos, Bolsonaro há três décadas. Um está fora do poder há 11 anos, outro perdeu a bússola há mais de dois anos.
Lula continua a debitar seus males à “imprensa”. Bolsonaro se mantém insone na caçada a “comunistas”. Descobriram na mútua dependência eleitoral um meio de sobrevivência na política do século XXI.
Líderes nas pesquisas para 2022, ainda não encontraram tempo para olhar à volta e notar as ruínas do presente. Exemplos: a catástrofe pandêmica; a fome, a inflação e o desemprego crescente; a tragédia educacional; a desindustrialização e o declínio tecnológico.
Aparentam não saber o que propor à reconstrução do país no pós-pandemia em outro mundo, em plena transição para uma economia de base energética renovada, e cada vez mais dependente da computação quântica.
Pelo que disseram nesta semana, parecem preocupados apenas em garantir um futuro de indulgências ao próprio passado.