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Informação e análise
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Kamala, Claudia e María, três lutadoras que podem governar meio bilhão

Elas atropelaram todos os homens que cometeram o erro de subestimá-las. Elas são novidades relevantes na política do continente. É prudente não ignorá-las

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 jul 2024, 08h00
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  • Elas atropelaram todos os homens que cometeram o erro de subestimá-las. Sob circunstâncias distintas, três mulheres começaram com êxito uma semana decisiva na luta para avançar além das posições de poder que já conquistaram em seus países

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    Kamala Harris, 59 anos, vice-presidente dos Estados Unidos, fez uma decolagem bem-sucedida para se tornar candidata do Partido Democrata na disputa presidencial com Donald Trump, em novembro.

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    Claudia Sheinbaum, 62 anos, presidente eleita do México, venceu as resistências no Partido Morena sobre a composição do seu governo, a partir de 1º de outubro.

    María Corina Machado, 56 anos, líder da oposição venezuelana, celebrou a convergência das pesquisas eleitorais sobre a provável vitória (com 36 pontos de vantagem) do seu candidato Edmundo González contra o ditador Nicolás Maduro, no próximo domingo.

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    Existe a possibilidade de que esse trio feminino esteja no comando de seus países a partir do próximo ano. Se isso se confirmar, elas estarão no centro das decisões de governo para meio bilhão de pessoas no continente americano.

    Kamala, Claudia e María Corina têm em comum um histórico de lutadoras duronas. Nasceram na efervescência dos protestos sociais dos anos 60, em famílias da elite — acadêmica no caso de Harris e Sheinbaum e industrial no caso de Machado.

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    Cresceram na política defendendo propostas que, na essência, podem ser classificadas como liberais, reformistas e inovadoras. Com estilos distintos, não se preocupam muito em ressaltar identidade de gênero, talvez porque no palco ou nos palanques sempre se apresentaram como mulheres poderosas que não podem, muito menos admitem, ser ignoradas.

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    Kamala, por exemplo, disse a que veio ao se lançar na disputa presidencial, na tarde desta segunda-feira (22/7): “Eu fui promotora de tribunal [e procuradora-chefe de justiça]. Nessas funções, assumi predadores de todos os tipos. Predadores que abusaram de mulheres. Fraudadores que enganaram os consumidores. Trapaceiros que quebraram as regras para seu próprio ganho. Então ouçam-me quando digo que conheço o tipo de Donald Trump.”

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    Batista, filha de uma indiana cientista dedicada às pesquisas sobre câncer e de um jamaicano professor de economia, sua agenda política prevê banir o livre-comércio de armas automáticas; legalizar o uso recreativo de maconha; reduzir impostos para a classe média compensando com aumento para os ricos; criar um sistema de saúde universal (tipo SUS); e, avançar em políticas ambientais para mitigação do efeitos das mudanças climáticas.

    Claudia Sheinbaum
    Claudia Sheinbaum, presidente eleita do México — (Manuel Velasquez/Getty Images)

    Claudia é engenheira na área de energia, é de família judia refugiada do Holocausto, com mãe bióloga, pai engenheiro químico, irmão e marido físicos. Ela uniu a ação política com a curiosidade científica nas áreas de energia, meio ambiente e desenvolvimento sustentável.

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    Publicou mais de uma centena de livros sobre esses temas e pôs em marcha projetos inovadores, com êxito, como o da redução da poluição na Cidade do México: plantou 15 milhões de árvores e mudou o sistema de transportes, quando era prefeita, com ênfase nas áreas mais pobres da capital mexicana. Ganhou a presidência da República defendendo propostas para a transição da economia do petróleo para a de energia renovável; mudanças na gestão estatal das reservas de água “que estão acabando no México”; e, políticas para redução da violência, principalmente a doméstica que afeta, principalmente, a vida das mulheres.

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    María Corina Machado, líder da oposição venezuelana — (Carlos Becerra/Getty Images)

    María Corina é veemente. Duas décadas atrás, surpreendeu o coronel Hugo Chávez ao criticá-lo no meio de um de seus intermináveis discursos dominicais com plateia e transmissão por rádio e televisão. Chávez perdeu o rumo diante do inusitado protesto. Meses depois, ela liderou uma campanha pública para revogação do mandato do ditador usando a Constituição que ele havia acabado de outorgar.

    “Legitimidade se consegue pela forma como se chega ao poder e, também, como se exerce o poder”, disse durante visita ao Senado, em Brasília, aos então senadores Eduardo Suplicy e Randolfe Rodrigues, do PT, Vanessa Grazziotin, do PCdoB, e Roberto Requião, do PMDB. Eles defendiam o regime chavista, ela já era líder da oposição. “Temos na Venezuela uma sociedade cada vez mais dependente do Estado, e quando a dependência econômica se transforma em dependência política e social, temos uma dependência total do Estado. É esse o objetivo do regime ditatorial.”

    María Corina nasceu em família rica, conservadora e foi educada em escola católica — ela exibe um crucifixo de ouro no pescoço. Na ascendência, tem um tio-avô mártir da luta democrática contra um ditador, Juan Vicente Gómez, em 1929. E um tataravô, Eduardo Blanco, autor de um clássico infantil sobre a independência da Venezuela. Como líder da oposição ao chavismo já teve seu rosto estampado em jornais e na televisão com a legenda: “Inimiga da Pátria.”

    Agora, a cinco dias da eleição presidencial, efetivamente conseguiu aquilo que parecia impossível: unir a oposição numa luta eleitoral contra a cleptocracia chefiada por Maduro, que a impediu de ser candidata mesmo tendo obtido 92% dos votos nas primárias.

    María Corina, Claudia Sheibaum e Kamala Harris são novidades relevantes no mapa político do continente americano. É prudente não ignorá-las.

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