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Itamaraty sobre a guerra: “Não estamos participando de maneira passiva”

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Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 Maio 2022, 08h30
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  • “Há teóricos, como, por exemplo, o ex-chanceler Henry Kissinger e o professor [John] Mearsheimer, da Universidade de Chicago, que são claros ao indicar que foi irritante a expansão [da Otan] para uma eventual decisão russa de lançar o conflito. Se é dessa gravidade, eu tenho dúvida, mas, seguramente, é um fator.   [Em fevereiro, quando começou a invasão] eu falei com o assessor internacional do primeiro-ministro [húngaro] Viktor Orbán; falei com o presidente de Portugal; falei com chanceler da Turquia. E todos eles disseram para mim: ‘Para nós foi uma surpresa’. Para o Brasil também foi uma surpresa. E para a Alemanha também. O chefe de serviço secreto alemão estava em Kiev e precisou ser resgatado por um grupo de forças especiais da Alemanha, porque ele também não havia previsto o conflito. O conflito não pôde ser previsto. Aconteceu (…) A posição do Brasil, que foi a do presidente Bolsonaro, no primeiro momento, foi muito mais do que rejeitar um automatismo para qualquer dos lados, se manteve uma posição de equilíbrio em que nós analisássemos o interesse nacional. E, nesse sentido, eu acho que nós estamos ao lado de países que são chave, como, por exemplo, a Índia. Num recente diálogo que teve com o presidente Joe Biden nos Estados Unidos, o primeiro-ministro [Narendra] Modi, da Índia, deixou muito claro: ‘Nós não vamos aplicar sanções contra a Rússia. Eu preciso do comércio com a Rússia. Eu não vou deixar de comprar petróleo da Rússia’ — ainda que tenha, claro, condenado a ação militar no território da Ucrânia. Do mesmo modo, a Turquia, que é um grande país, cujo chanceler eu tive a honra de receber há poucas semanas. Ele nos disse: “Olha, nós temos uma visão do conflito. Nós não vamos deixar que aeronaves russas, por exemplo, se dirijam aqui por cima do nosso território.” Mas a Turquia teve uma posição de mediação. O primeiro encontro que houve entre os chanceleres da Rússia e Ucrânia foi em Antália, na Turquia, que realmente desempenhou um papel-chave (…) Recentemente, o primeiro -ministro [Mario] Draghi esteve nos Estados Unidos numa reunião com com o presidente Joe Biden, na qual ele disse aquilo que o Brasil tem dito: ‘Olha, qual é nossa prioridade? Não é dar ajuda militar. A prioridade é um cessar fogo imediato. Qual é a nossa prioridade? É buscar ainda uma solução justa e diplomática para o assunto’. Então, eu penso que essa também é a posição do Brasil (…) Eu não acho que estamos participando desse conflito de maneira passiva. Esteve aqui o chanceler da Turquia e mencionou um possível movimento do presidente da Turquia, [Recep Tayyip] Erdogan, de visitar o presidente [Vladimir] Putin com outros líderes. Ele mencionou o fato de que sabia que o presidente Bolsonaro tinha um contato estreito com o presidente Putin, por meio de uma visita recente. O presidente se ofereceu, se for desejo do presidente turco, a se unir a esses líderes para ir à Rússia e fazer os bons ofícios de mediação.”

    (Carlos França, ministro das Relações Exteriores, ontem na Câmara.) 

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