Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

José Casado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Informação e análise
Continua após publicidade

Funcionárias da Caixa abriram espaço para uma faxina ética

No banco estatal criou-se uma oportunidade para mudança do modelo de ambiguidades corporativas que prevalece nos setores público e privado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jun 2022, 15h03 - Publicado em 30 jun 2022, 06h00

As funcionárias da Caixa Econômica Federal derrubaram o presidente e deixaram a hierarquia da empresa estatal exposta à suspeita de conivência em uma série de casos de abuso de poder, de assédio moral e sexual.

Em homenagem às 40 mil servidoras a nova presidente, Daniela Marques Consentino, deveria ir além de uma óbvia e necessária faxina ética nesse banco público.

Ali existe uma oportunidade para uma experiência de mudança do modelo de ambiguidades corporativas que prevalece nos setores público e privado — tema à margem da agenda legislativa e da campanha eleitoral.

A maioria das empresas exibe nas paredes dos escritórios e em páginas na internet um código de ética acompanhado de compêndios de normas e da lista de mecanismos internos para prevenção, detecção, correição e mitigação de riscos.

Como a premissa é a do zelo no desempenho financeiro, esse aparato costuma ser eficiente para o resultado da tesouraria. Porém, é absolutamente inócuo em situações de perigo de destruição reputacional.

A Caixa é caso exemplar. As denúncias contra Pedro Guimarães, ex-presidente, sinalizam violação em série dos princípios elementares do código de ética do banco, um texto de mais de 12 mil palavras.

Continua após a publicidade

No entanto, seria necessário grande esforço para enquadrar o ex-presidente e dos cúmplices na “política de controle interno, compliance e integridade”. Ela cuida essencialmente do dinheiro circulante na Caixa.

É assim que funciona na maioria das empresas públicas e privadas. Temas como igualdade e diversidade são adequados ao marketing e relações públicas, mas não fundamentam a cultura corporativa e sua efetividade nos escritórios depende do humor matinal do acionista-controlador e dos principais executivos — geralmente, homens.

Poucas são as empresas relevantes com alguma preocupação perceptível, por exemplo, sobre as fragilidades institucionais ou os direitos de saúde das funcionárias.

Se essa forma de comportamento corporativo alienado foi admissível até recentemente, deixou de ser.

Não é por acaso que, neste semestre, quatro centenas de multinacionais estejam abandonando as atividades na Rússia de Vladimir Putin.

Continua após a publicidade

Também, não é trivial que a Amazon decida investir na liderança de um grupo de pressão para induzir o Congresso americano à liberação da indústria de produtos de maconha.

Da mesma forma, não é banal o empenho de Yelp, Airbnb, Citigroup, Tesla, Starbucks, Levi Strauss, Disney e JP Morgan, entre outras, em movimentos para pressionar a Câmara e o Senado dos EUA a aprovar uma legislação federal permitindo o aborto, em resposta ao retrocesso imposto dias atrás pela Suprema Corte.

Todas estão modificando a cobertura de saúde das funcionárias. Algumas até se comprometeram, em público, a garantir que, onde quer que trabalhem, elas possam ter acesso à interrupção de gestação, reembolsando gastos de viagem para estados onde o procedimento médico seja legalizado.

Decisões corporativas dessa natureza traduzem o senso comum de modernidade — o oposto da caverna em que Pedro Guimarães e seus cúmplices aprisionaram a Caixa nos últimos três anos. A história do capitalismo ensina: é bom negócio apostar no progresso social.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.