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FHC e Lula bailam, Bolsonaro se espanta

Os ex-presidentes deram novo passo no seu balé político: em nota, apoiaram o presidente argentino Alberto Fernández, de quem Bolsonaro demonstra ter alergia

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 jun 2021, 15h13 - Publicado em 7 jun 2021, 09h30

Fernando Henrique Cardoso e Lula bailam e Jair Bolsonaro se espanta.

Afastados há anos, os ex-presidentes almoçaram, um mês atrás, com direito à divulgação de fotografia do reencontro.

No fim de semana deram novo passo. Em nota conjunta, distribuída pelo Instituto Lula, apoiaram o presidente argentino Alberto Fernández num embate com Bolsonaro sobre o rumo do Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

O ministro Paulo Guedes, da Economia, quer reduzir a Tarifa Externa Comum, aplicada às importações de tudo que não é produzido dentro do Mercosul. Guedes quer um corte imediato de 10% e outros 10% até o final do ano.

A redução da tarifa é tema quase tão antigo quanto o próprio Mercosul, que acabou de completar 30 anos. Tem a adesão do Uruguai, mas o tratado do bloco impõe a necessidade de decisões unânimes.

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O argentino Fernández, sob pressão da devastação da pandemia, calote da dívida externa e da vice Cristina Kirchner — que ajudou sua eleição e manda no governo tanto quanto ele —, prefere adiar a discussão. Alega que reduzir a TEC seria desastroso para a Argentina semi-falida.

Lula e Fernando Henrique formalizaram apoio a Fernández, de quem Bolsonaro demonstra ter alergia (em 2019 ele visitou Lula na cadeia em Curitiba).

Mais do que um gesto de respaldo a um líder vizinho em agruras, foi reafirmação de uma sintonia política incômoda para Bolsonaro, que precisa avançar em uma fatia do eleitorado do centro para se reeleger no próximo ano.

Conseguiram ampliar o clima de paranoia dentro do Palácio do Planalto. Assessores de Bolsonaro passaram a acreditar, por exemplo, que os ex-presidentes tiveram algo a ver com o retrato do Brasil bolsonarista recém-publicado pela revista The Economist.

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Ontem à noite divulgaram uma longa nota de críticas à revista britânica, cuja opinião é favorável a que os eleitores brasileiros eliminem Bolsonaro nas urnas no ano que vem.

A assessoria presidencial reagiu assim, nas redes sociais: “Não falam apenas em vencer nas urnas, superar, destituir. Falam em ELIMINAR. Estaria o artigo fazendo uma assustadora apologia ao homicídio do Presidente?”

Um parlamentar de Minas Gerais, integrante da bancada governista, leu a nota e concluiu que, sem conseguir lidar com o balé político de Fernando Henrique e Lula, resolveu estacionar na mania de perseguição, como definida por Guimarães Rosa: “Eu quase que nada sei. Mas desconfio de muita coisa.”

+ O que o encontro Lula – FHC muda para 2022

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