EUA anunciam conversa com o Brasil sobre sanções econômicas
Até agora, os contatos foram ocasionais, sem continuidade, por desinteresse mútuo

É provável que ainda nesta semana os governos do Brasil e dos Estados Unidos iniciem uma conversa sobre as sanções anunciadas por Donald Trump.
O pedido de “consultas” ao governo brasileiro é da USTR, agência responsável pela política comercial americana.
Foi confirmado por Jennifer Thornton, conselheira-geral, no comunicado sobre a abertura de investigação contra o Brasil por suspeita de “práticas desleais” no comércio exterior.
É parte do ritual previsto na legislação dos EUA sobre defesa comercial.
A motivação é ruim, mas, na prática, será o primeiro movimento efetivo de Washington, em seis meses de governo Trump, para um exercício diplomático com Brasília.
Até agora, os contatos foram ocasionais, sem continuidade, por desinteresse mútuo.
Lula escolheu restringir a comunicação com o governo Trump às instâncias diplomáticas formais. Resultado: sequer recebeu resposta à carta enviada em maio questionando a imposição de tarifa comercial (10%).
Trump acenava com punições comerciais ao Brasil desde a campanha eleitoral do ano passado, reafirmadas em janeiro, quando assumiu a Casa Branca. Só agora passou à ação. Anunciou uma tarifa de 50% para a importação de produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
Não há racionalidade econômica nessa decisão. Se mantida, inviabiliza o comércio entre os dois países num fluxo favorável aos EUA, beneficiário de um superávit acumulado de cerca de 400 bilhões de dólares nos últimos 15 anos. A motivação realmente foi política, admitiu o diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Kevin Hassett, no domingo (13/7) em entrevista à rede americana ABC.
Trump aplicou a tarifa de 50% alegando, especificamente, a necessidade de pressionar o Brasil para isentar Jair Bolsonaro, em julgamento no Supremo Tribunal Federal por crimes contra a Constituição, entre eles tentativa de golpe de estado. Acha que o país tem “tratado injustamente” o aliado, com quem diz não ter laços: “Olha, ele não é como um amigo meu, ele é alguém que eu conheço, e eu o conheço como um representante de milhões de pessoas, brasileiros…”