Aconteceu ontem na Comissão de Educação, durante audiência do ministro da Educação, Milton Ribeiro. A deputada Rosa Neide de Almeida, do PT do Mato Grosso, pediu para falar, elogiou a cordialidade de Ribeiro fez uma denúncia contra o antecessor dele no ministério.
“Eu estive no MEC quando era outro ministro” — disse — “e quero afirmar que o senhor realmente representa a boa educação, o polimento, o respeito a essa comissão, coisa que não tivemos. Fui testemunha de quando o deputado [João Carlos] Bacelar foi ameaçado pelo ministro (Abraham) Weintraub. Já passamos por situações muito tristes no Ministério da Educação.”
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Surpreendeu o plenário: “O ministro [Weintraub] também se dirigiu a mim. Perguntou se eu aceitaria emendas parlamentares para votar a favor da reforma previdenciária.”
O projeto de Reforma da Previdência começou a avançar no Congresso durante o governo Michel Temer. Bolsonaro assumiu e, 50 dias depois, apresentou uma proposta alternativa, mantendo a essência da emenda constitucional de Temer.
Em agosto de 2019, a Câmara aprovou o texto-base em segundo turno, por maioria de 370 votos, com 124 contra e uma abstenção. Foi uma vitória expressiva, com apoio de 75% dos deputados presentes. Em outubro, o Senado realizou a votação final, com idêntica taxa de aprovação (75).
Até ontem, não existiam relatos sobre ministros do governo Bolsonaro promovendo suborno de deputados ou senadores para votar a favor da reforma da Previdência. A deputada Rosa Neide de Almeida, pedagoga e ex-secretária de Educação do Mato Grosso, foi a primeira a dar testemunho público.
Dias atrás, o deputado Eurico da Silva, pernambucano do partido governista Patriota, relatou um outro caso no plenário da comissão especial da Câmara que analisava a regulamentação do uso de medicamentos à base de maconha, aprovado ontem.
Comerciante e pastor da Assembleia de Deus, ele contou o seguinte: “Eu, o [deputado] Osmar Terra (MDB-RS) e o [ex-deputado] Givaldo Carimbão (MDB-AL), queríamos colocar uma advertência nos rótulos de bebidas sobre os malefícios do álcool. Fomos chamados para uma reunião com uma empresa de bebidas, que ofereceu R$ 500 mil a cada um de nós, para ficarmos calados. Nós dissemos que não, que não nos dobraríamos a isso, mas nós perdemos lá no plenário [da Câmara]. Mas ouvi dizer que eles gastaram R$ 2 milhões. E não foi comigo. Foi com alguns parlamentares”.
Está virando rotina a denúncia de tentativas de suborno na Câmara.
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