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Corrupção: senadores acusam-se na tragédia ianomâmi

Investigações sobre a crise humanitária dos ianomâmis provocaram curto-circuito na bancada parlamentar de Roraima

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 jan 2023, 09h39 - Publicado em 26 jan 2023, 09h30
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  • O início das investigações sobre a crise humanitária dos ianomâmis, indígenas que habitam áreas do noroeste de Roraima, na fronteira com a Venezuela, provocou um curto-circuito na bancada do Estado no Congresso.

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    Há suspeitas de corrupção e fraudes em contratos do serviço sanitário para os ianomâmis, mantido pelo Ministério da Saúde. Alguns inquéritos foram abertos pela Polícia Federal no final do ano passado.

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    O ministério mantém 34 Distritos Sanitários Especiais, conhecidos pela sigla DSEI, responsáveis por serviços de atenção primária. Mais da metade está na Amazônia, onde vivem 99% dos indígenas.

    Roraima abriga dois desses distritos, um deles atende 29 mil ianomâmis. Por essa unidade sanitária, nos últimos quatro anos, transitaram 190 milhões de reais.

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    Nas últimas duas décadas, o distrito de saúde dos ianomâmis entrou na planilha de loteamento das chefias de órgãos federais, usada na barganha de votos da Presidência da República com o Congresso.

    São mais de 20 mil cargos disponíveis em áreas como Saúde, Educação e Infraestrutura, entre outros, com relevância variável conforme a localização e o fluxo orçamentário.

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    No caso dos ianomâmis, o distrito sanitário é vital para a população indígena. É, também, essencial para fornecedores de produtos de saúde no Estado — o fluxo orçamentário é de ou 47,5 milhões de reais por ano. Não é pouco dinheiro, equivale a 8% da receita da prefeitura da capital, Boa Vista.

    Com as cenas trágicas de indígenas famélicos nas duas centenas de comunidades ianomâmis exauridas por doenças evitáveis como desnutrição, malária e verminoses, surgiram suspeitas de corrupção e desvios, mapeadas em inquéritos policiais desde novembro.

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    Políticos locais acusam-se. O senador Telmário Mota, do Pros, denunciou o senador Mecias de Jesus, do Republicanos, como responsável pela “máfia” dominante no distrito sanitário ianomâmi. “Esses ladrões devem ser responsabilizados por esse genocídio e pela morte dessas 570 crianças nos últimos quatro anos” – escreveu.

    Mecias lidera o clã Jesus cuja ascensão na política de Roraima é turbinada pela eficiente máquina eleitoral da Igreja Universal, controladora do partido Republicanos.

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    Seu filho Jhonatan foi eleito para o quarto mandato na Câmara com 6% do total de votos, numa das campanhas mais caras do país, abastecida com recursos públicos do Fundo Eleitoral e, principalmente, do orçamento secreto (154 milhões de reais) — mecanismo de repasse de recursos, sem transparência, adotado no governo Jair Bolsonaro.

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    Cada voto de Jesus filho em Roraima custou mais de 63 salários mínimos. Ele gastou 7.700 reais por eleitor, sete vezes mais que a renda média da população do estado.

    Reeleito, o deputado está em campanha para ser indicado pela Câmara, na próxima semana, a uma vaga de ministro no Tribunal de Contas da União (TCU).

    O clã Jesus indicou o atual administrador do distrito sanitário ianomâmi, em parceria com o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP). Dois meses antes das eleições, o governador sancionou lei proibindo a destruição de máquinas, helicópteros e aviões apreendidos dentro das áreas de garimpo ilegal no Estado.

    Jesus pai, senador, isentou-se de culpa em eventuais desvios financeiros e operacionais no distrito sanitário ianomâmi — uma das suspeitas é de desaparecimento de um terço do estoque de medicamentos básicos. E acusou o ex-senador Romero Jucá, do MDB, por dominar a unidade do Ministério da Saúde “durante 30 anos”. Jucá manteve-se em silêncio. Entre 1986 e 1988, ele presidiu a Funai, órgão federal responsável pela política indigenista. Tentou voltar ao Senado em outubro, mas não conseguiu.

    A elite política de Roraima tem sólidos interesses e atua com vigor na defesa da expansão do garimpo de ouro e cassiterita em terras indígenas, principalmente na reserva ianomâmi.

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    O senador Telmário Mota, por exemplo, não se reelegeu, mas em dezembro, na última semana legislativa, conseguiu bloquear um projeto para fechamento do parque de Jauaperi, mantendo-o aberto à exploração garimpeira.

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