Como Geraldo Alckmin é visto dentro do PT
Para uma parte dos petistas, Lula não entendeu que o “golpista” Alckmin ameaça muito mais do que a chance de renovação do projeto de poder

O PT começou o ano eleitoral mais dividido do que estava há seis meses quando Lula assumiu a liderança nas pesquisas eleitorais.
Uma evidência está no debate interno sobre a chapa Lula-Alckmin, idealizada pelo líder petista como uma espécie de ponte para o futuro com forças políticas do centro.
A reação é intensa. Na virada do ano, ganhou a forma de uma declaração pública capitaneada por dois ex-presidentes do partido, José Genoino e Rui Falcão. O manifesto foi parar na internet, aberto a adesões.
Nele, Alckmin é classificado como “golpista”, “neoliberal”, responsável por um governo em São Paulo “contra os trabalhadores em geral, contra os servidores públicos, contra a saúde e a educação, contra a segurança pública, contra negros e negras, contra jovens e estudantes, contra os moradores da periferia, contra o meio ambiente.”
Até aí, apenas jogo político. Fica estranho – grave, para alguns – quando o texto justifica a necessidade de impedir a chapa com o seguinte argumento: “Devemos zelar pela vida do companheiro Lula.”
Para uma parte dos petistas, Lula não entendeu que Alckmin ameaça não apenas a chance de renovação de um projeto de poder, mas a própria vida. Nada mais insólito.