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Se quiser, Lula já pode liquidar com a reeleição

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h25 - Publicado em 4 nov 2022, 06h00
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  • SAO PAULO, BRAZIL - OCTOBER 30: Candidate Luiz Inácio Lula Da Silva waves supporters after being elected president of Brazil over incumbent Bolsonaro by a thin margin on the runoff at Paulista Avenue on October 30, 2022 in Sao Paulo, Brazil. Brazil electoral authority announced that da Silva defeated incumbent Bolsonaro and will rule the country from 2023 to 2027. (Photo by Mauro Horita/Getty Images)
    Luiz Inácio Lula Da Silva acena para os apoiadores após ser eleito presidente do Brasil sobre o atual líder, Jair Bolsonaro, na Avenida Paulista, em São Paulo - 30/10/2022 (Mauro Horita/Getty Images)

    Lula tem a chance de limpar a área nas relações com o Congresso e, ao mesmo tempo, reduzir a margem de risco de impasses com o Judiciário.

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    Ele planeja governar “sem tentativas de exorbitar, intervir, controlar ou cooptar”. Ou seja, promete seguir a letra da Constituição, cristalina sobre a separação, independência e harmonia entre os poderes.

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    Tomadas pelo valor de face, as palavras sugerem um presidente eleito disposto a exorcizar assombrações do Planalto, como aquelas que pariram escândalos do mensalão, do petrolão e, sob Jair Bolsonaro, do orçamento secreto, ou paralelo.

    Sobram-lhe motivos para esconjurar malfeitorias como as ocorridas entre 2003 e 2010. Justa ou injustamente, elas roubaram-lhe 580 dias de vida. Absolvido ou não nas urnas, Lula tem uma bela oportunidade de mudar maus hábitos e costumes na política nacional: basta assumir com o Congresso um compromisso real, efetivo e imediato sobre o fim da reeleição.

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    Desastres na história brasileira costumam derivar de crises econômicas e sociais. O da reeleição é uma exceção. É ruína produzida exclusivamente no jogo político. Há um quarto de século intoxica presidentes, governadores e prefeitos, levando-os ao delírio da permanência no poder.

    O impacto é crescente nos cofres públicos. Neste ano, o custo dos projetos de reeleição do presidente, de 509 deputados federais e senadores, e de vinte governadores deve ultrapassar 200 bilhões de reais. Bolsonaro perdeu, mas 59% dos parlamentares federais e 90% dos governadores se reelegeram.

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    Os gastos confirmam a eleição brasileira como uma das mais caras do planeta. Numa conta de padaria, torrou-se dinheirama 55% maior que o orçamento anual da Educação. É paradoxal num país onde metade dos eleitores não terminou o ensino médio e 35% nem sequer concluíram o ciclo fundamental.

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    Isso equivale a 39 bilhões de dólares, ou seja, o dobro do excepcional lucro da Petrobras no ano passado. Tem a dimensão do buraco identificado pela equipe de Lula no Orçamento de 2023, o primeiro do novo governo.

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    “Se quiser, Lula já pode liquidar com a reeleição”

    A reeleição começou a ser parida em 1994, com a redução do mandato presidencial de cinco para quatro anos. Na época, Lula reunia 40% das intenções de voto. Acabou atropelado por Fernando Henrique Cardoso, patrono da nova era na economia de um país exaurido por aguda crise inflacionária.

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    Com um semestre no poder, o “homem do Real” plantou a ideia do segundo mandato. Numa noite de inverno em Brasília, na terça-feira 11 de julho de 1995, viu a proposta florescer na Praça dos Três Poderes: “Assunto delicado, acho difícil por causa da cultura política brasileira e não me comprometo a ser candidato. Vejo uma vantagem: a de que assim os outros se assustam e não lançam uma candidatura desde já”. Com três dúzias de palavras, em memórias gravadas, mascarou seu pecado favorito — a vaidade.

    A reeleição adornou a Constituição em 1997. Fernando Henrique precisou de 23 anos para admitir: “Historicamente foi um erro”. Ficou oito anos no poder, assim como Lula, o sucessor. Dilma Rousseff teve cinco anos, interrompida por impeachment. Bolsonaro foi contido pelo efeito de uma novidade: a insurgência eleitoral contra o atraso.

    Anúncio de fim da reeleição tem sido recorrente em discursos de candidatos à Presidência. Lula disse que a liquidaria em 2002. Bolsonaro também: “O que eu pretendo, tenho conversado com o Parlamento, também, é fazer uma excelente reforma política para acabar com o instituto da reeleição, que no caso começa comigo, se eu for eleito”.

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    Oito dias depois, estava eleito. Quando um repórter lhe perguntou sobre o projeto para acabar com a reeleição, mudou de rumo: “A possibilidade de não concorrer à reeleição é se conseguir fazer um acordo para aprovar a reforma política. Não é apenas ‘eu não vou concorrer à reeleição’”.

    Lula recauchutou a jura de duas décadas atrás com o argumento da aposentadoria em 2026: “Daqui a quatro anos, a gente vai ter gente nova disputando eleições. Vai ter gente nova sendo candidato a presidente. O que eu quero é deixar o país preparado”.

    Já pode escolher o dia para pagar a promessa. Basta telefonar ao senador Rodrigo Pacheco e apoiar a votação imediata da emenda constitucional que há meses adormece na mesa da presidência do Senado. Se preferir, pode anunciar um projeto e enviá-lo ao Congresso logo na abertura do expediente da segunda-feira 2 de janeiro. Aos 77 anos, seria prudente começar o terceiro mandato vacinado contra o vírus da SPP, síndrome de permanência no poder.

    Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA

    Publicado em VEJA de 9 de novembro de 2022, edição nº 2814

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