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Como a tecnologia revolucionou o modo de identificar as árvores

Novo sistema que se utiliza de um código digital permite saber tudo sobre uma árvore apenas sacando o smartphone

Por Marcelo Marthe Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 jun 2017, 19h01 - Publicado em 28 jun 2017, 18h07
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  • É um desafio que tira o sono de todo colecionador de árvores: como identificar as espécies que você possui e garantir que as pessoas saibam seus nomes na posteridade? No meu caso, segui o impulso tradicional de identificar as árvores com placas que carregam os nomes comum e científico de cada espécie, além de sua origem. Mas essa é uma batalha inglória. Primeiro, tentei as plaquinhas baratas de plástico, em que se escrevem os dados a lápis (quando usava caneta, a tinta não resistia à primeira garoa fina). Inconformado com a efemeridade daquelas porcarias, parti para o luxo: mandei confeccionar uma dúzia de placas de metal com inscrição em baixo relevo. Só que é caríssimo – e nem assim se garante que o negócio vai durar. Em questão de dois, três anos, a maioria delas virou sucata. Prejuízo certo.

    Agora, enfim, a tecnologia acena com uma solução mais digna. É a chamada tag digital, sistema de identificação das árvores que já existe em metrópoles como Nova York e Los Angeles, foi adotado pela prefeitura de Campinas para mapear as árvores da cidade do interior paulista e começa a pipocar em ruas de São Paulo.

    Primeiras árvores com sistema de identificação QR code
    O famoso jequitibá-rosa em frente à prefeitura de Campinas: uma das primeiras árvores com sistema de identificação QR code no país (Carlos Bassan/Prefeitura de Campinas/Divulgação)

    A tag digital é uma placa pequena de alumínio (mais durável) ou polipropileno (menos durável) que contém informações sucintas como o nome da árvore e – eis aqui o pulo do gato – um código do tipo QR (aquela variante do código de barras em formato quadrado). Com um leitor desse tipo de código, que se pode baixar de graça no smartphone, você consegue acessar  de imediato as informações sobre sua planta.

    Diminuta, fácil de instalar e resistente, a tag digital tem potencial para durar bem mais tempo que as velhas placas convencionais. Mesmo que ela venha a se perder, as informações sobre a árvore em questão continuarão preservadas numa nuvem digital, e sua localização pelo GPS permitirá resgatar sua ficha corrida de forma instantânea. Nesse quesito, aliás, as possibilidades oferecidas pela tag são exponencialmente mais atrativas. “Há um universo de distância entre uma placa comum e outra com tag digital”, diz o empresário Rodolfo Ramos, de 32 anos, amante das árvores que foi pioneiro na exploração desse serviço em sua Campinas de origem. Sua empresa, a Anubz, já contabiliza por volta de 90.000 árvores “tagueadas”. O serviço é oferecido primordialmente a empresas que buscam fazer a chamada compensação de carbono exigida por lei, mas também está ao alcance de pequenos colecionadores, ao custo de cerca de 12 reais por placa.

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    Por sua própria limitação física, uma placa tradicional contém pouca informação. Já a tag digital permite acessar um fichário extenso de cada espécie, inserir  observações pessoais sobre a planta, compartilhar dados sobre a mesma por meio das redes sociais e até anexar à sua ficha, digamos, uma selfie com aquela jabuticabeira de estimação.

    O mais importante, contudo, é que cada árvore com tag digital pode ser localizada com precisão impressionante até dentro de uma capoeira fechada, utilizando-se serviços como o Google Maps.

    Nas ruas de Nova York, várias árvores recém-plantadas carregam suas plaquinhas com tags penduradas por arames. Mas é possível, ainda, pregar a placa com pequenos pregos no tronco da planta ou fixá-la em suportes simples ao lado delas.

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    A pegadinha em relação a esse tipo de catalogação é a seguinte: se as informações que constarem no banco de dados acessado pelo código QR estiverem furadas, uma tag digital pode ser altamente enganosa. Um leigo é levado a acreditar que aquela árvore com tag digital plantada em certa rua do bairro de Pinheiros, em São Paulo, é um dedaleiro (Lafoensia pacari) – quando, na verdade, se trata de um guanandi (Calophyllum brasiliense). Para quem pretende criar suas próprias fichas, claro que essa pegadinha se torna contornável.

    Por mais arrojada que se exiba, a tag digital talvez seja lembrada no futuro somente como uma etapa intermediária na revolução da identificação das árvores. De olho nos apelos de quem acha que mesmo essas placas acabam se estragando ou se perdendo, ou que podem virar sucata e poluir o meio-ambiente, os fornecedores do ramo já correm para dar um passo mais audacioso. “Queremos chegar ao ponto em que a pessoa identifique uma árvore só com o uso de ferramentas de GPS, sem a necessidade de placas”, diz Ramos, da Anubz. Com ou sem placa, uma tendência é certa: num futuro nada distante, toda árvore terá seu cantinho na imensidão do Big Data. 

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