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Isabela Boscov

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Procurando Dory

Ela é uma graça. Mas é por Piper, o passarinho do curta-metragem, que você vai se consumir de paixão

Por Isabela Boscov 30 jun 2016, 16h44 • Atualizado em 26 jan 2017, 15h50
  • Dory é mesmo uma fofa, e sempre houve algo de tocante no entusiasmo dela pela vida: isso de não ter memória e não formar lembranças não é brincadeira – é, ao contrário, um dos obstáculos mais aterradores que uma pessoa (ou um peixe, no caso) pode enfrentar. A própria Dory não sabe disso, já que não se lembra de que esquece. Mas seus pais sabem, e se angustiam. E nem quero imaginar o sofrimento deles quando seus piores temores se confirmam, e a pequena Dory some no mar para todo sempre. Talvez seja só um pouquinho menor que o sofrimento que a própria Dory, agora adulta, experimenta ao por um instante recordar-se de que um dia teve pai e mãe: um abismo de perda se abre onde antes tudo parecia normal e correto, e uma desorientação permanente se instala – é quase física a dor de tentar agarrar-se a fiapos de memória que, mal surgem, já vão desaparecendo. Enquanto Dory não encontrar seus pais, enfim, ela não terá paz.

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    Nota dez, portanto, para o ponto de partida escolhido pelos diretores Andrew Stanton e Angus McLane para Procurando Dory (que, aliás, acaba de bater o recorde de bilheteria para uma animação: 300 milhões de dólares em doze dias em cartaz, só nos Estados Unidos). Enquanto Dory era coadjuvante de Procurando Nemo (que Stanton também codirigiu), sua desmemória rendia muita graça; agora que ela é a protagonista, seria insensibilidade retratar seu problema apenas como motivo de diversão. Já o desenvolvimento da história, esse ganha nota um pouco mais baixa: de novo o enredo envolve cruzar os oceanos (Dory, Nemo e Marlin vivem nas águas da Austrália, mas ela nasceu na Califórnia); de novo um personagem com uma aflição serve de parceiro cômico (agora, um polvo que morre de medo de sair do aquário e ser jogado no mar aberto); e de novo Dory lembra e esquece, esquece e lembra (e de novo, e de novo…). Além disso, é inevitável que, por se passar no mesmo cenário de Procurando Nemo, o filme tenha um pouquinho menos de frescor do que se esperaria.

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    Em todo caso, saí do cinema satisfeitíssima. Ou mais até do que isso: perdidamente apaixonada. Não por Dory, porém. E sim por Piper, o protagonista do estupendo, maravilhoso, irresistível, estonteante e inesquecível curta-metragem que é exibido antes de Procurando Dory. Piper é um (uma? confesso que não sei) filhote de maçarico – aquelas avezinhas que ficam bicando bichinhos na areia, ali na linha d’água, e daí saem correndo quando veem uma onda chegando (em inglês elas se chamam sandpiper, daí o nome da personagem). Piper, que é uma bolinha de penas, todo saltitante e muito cheio de vontades, fica indignado no dia em que sua mãe se recusa a dar comida na boca dele e o obriga a ir aprender a ciscar – e termina a manhã completamente traumatizado com o caldo que leva de uma onda. Vou contar só até aí, porque Piper não precisa da minha ajuda para conquistar seu amor eterno: se você não derreter em paixão e não se consumir em fofura, aliás, procure um analista. Ou talvez eu é que deva procurar um: todo dia, pelo menos uma vez por dia, assisto aos míseros 25 segundos de Piper – Descobrindo o Mundo que a Pixar liberou no YouTube e me desfaço em “awwwwnnnnns” e “aaahhhaaaaas”. Definitivamente, enlouqueci com Piper.

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    Ou seja, é muito possível que, com Piper, o programa de curtas-metragens da Pixar tenha cumprido os dois dos objetivos principais a que ele se destina: servir de ambiente para o desenvolvimento de inovações técnicas que depois serão usadas nos longas (essa meta com certeza está cumprida); e revelar novos talentos que possa se juntar ao seu “celeiro” de diretores. Se Alan Barillaro, que estreia na direção com Piper, não ganhar já já um longa só seu, não vou entender nada. O sujeito é um gênio da narrativa.

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    Barillaro é animador na Pixar desde 1997. Teve a ideia de usar os maçaricos como personagens durante suas corridas matinais na praia, e ganhou o sinal verde para produzir o curta por causa da excelência do argumento e também porque ele implicava desafios técnicos imensos, que teriam de ser resolvidos com novos softwares bolados sob medida: todas as peninhas de Piper são animadas individualmente, as bolhas d’água são um primor de realismo, e a areia é tão perfeita que dá vontade de enfiar os dedos do pé nela. Barillaro, portanto, lidou com três dores de cabeça ao mesmo tempo (em geral o pessoal escolhe uma delas, e olhe lá).

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    E isso é só o começo. Encorajado por John Lasseter, o bambambã da Pixar, Barillaro resolveu que não iria antropomorfizar os personagens – ou seja, não daria a eles aquelas características humanas que cativam mais facilmente a plateia e ajudam a contar a história. Para coroar sua façanha, encomendou ao fera Adrian Belew uma música que se mesclasse com os ruídos do ambiente e os pios das aves, e ainda fotografou o curta como se ele fosse um documentário de vida animal: repare como os passarinhos e siris aparecem em primeiríssimo plano, com uma exuberância tátil de detalhes, ao passo que o fundo parece um pouco difuso. É exatamente o efeito que se teria ao filmar-se na natureza com uma teleobjetiva, bem de longe, para não espantar as avezinhas arredias. É lindo, lindo, lindo. Tão lindo que não vou aguentar e vou ver Piper de novo – pela terceira vez hoje.

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    P.S.: Piper não tem diálogos, só pios e trinados. Mas não custa insistir: se você vai levar ao cinema crianças que já sabem ler, tente a versão original de Dory, em vez da dublada. Por quê? É só dar uma olhada no elenco aí na ficha técnica…


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    Trailers

    PROCURANDO DORY
    (Finding Dory)
    Estados Unidos, 2016
    Direção: Andrew Stanton e Angus McLane
    Na versão original, com as vozes de Elle DeGeneres, Albert Brooks, Ed O’Neill, Hayden Rolence, Diane Keaton, Eugene Levy, Ty Burrell, Sloane Murray, Kaitlin Olson, Idris Elba, Dominic West, Sigourney Weaver
    Distribuição: Disney
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