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Isabela Boscov

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O Garimpo da Semana: Diário de um Jornalista Bêbado

Por Isabela Boscov Atualizado em 30 jul 2020, 23h05 - Publicado em 5 abr 2016, 19h55

Johnny Depp e sua estranha paixão

Hoje estou naquele clima sem compromisso, em que você tem vontade de ver alguma coisa curiosa mas que não mexa demais com os seus nervos. Minha escolha: esta homenagem muito simpática de Johnny Depp ao seu grande ídolo, o jornalista malucão Hunter Thompson – que está disponível no Netflix. Na resenha que publiquei quando o filme foi lançado, e que você encontra logo abaixo, conto um pouquinho sobre o dia muito peculiar em que os dois se encontraram pela primeira vez (rolou até bomba caseira). Mas o Thompson que Depp encarna no filme ainda estava bem no comecinho de sua doideira e tinha lá seus encantos (falando em encantos, este foi o filme em que Depp conheceu Amber Heard e chapou). Como daqui até 2018 Depp tem na agenda apenas um filme dirigido por Kevin Smith – cada escolha estranha que as pessoas fazem…– e dois repetecos (Alice Através do Espelho e um quinto Piratas do Caribe), vale a pena vê-lo flexionando certos músculos dramáticos e cômicos que ele não tem trabalhado muito ultimamente.

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Carta de amor

Em Diário de um Jornalista Bêbado, Johnny Depp faz uma homenagem terna e deliciosa ao doidão Hunter Thompson

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Doido por bebida, drogas, armas e aventuras – ou simplesmente doido –, o americano Hunter S. Thompson (1937-2005), inventor do chamado jornalismo “gonzo”, nunca se apresentou como o tipo de pessoa que inspira sentimentos ternos. E, no entanto, é com imensas ternura e afeição que Johnny Depp envolve Paul Kemp, o alter ego de Thompson, em Diário de um Jornalista Bêbado. O ator conheceu Thompson em 1994, num bar, o qual o jornalista adentrou em meio a uma tempestade de faíscas geradas pelo taser e pelo bastão de tocar gado que brandia para abrir caminho. Depois, conforme relatou Depp à revista Newsweek, seguiram para a casa de Thompson, onde celebraram a afinidade imediata fazendo uma bomba de propano e nitroglicerina (note-se que os ingredientes estavam à mão) e explodindo-a a distância com uma espingarda calibre 12. Até o suicídio de Thompson, aos 67 anos, foram inseparáveis. Depp já encarnara o amigo uma vez antes – na adaptação de 1998 do livro Medo e Delírio em Las Vegas, em que o autor relata uma temporada alucinógena. Dirigido por Terry Gilliam, o filme era ele próprio uma experiência psicodélica algo extrema, além de mais recomendável a iniciados que a iniciantes: esse Thompson era já o pontificante do jornalismo “gonzo”, que defende trocar a pretensão à objetividade pela vivência em primeira mão e pela narração livre em primeira pessoa. (Segundo algumas fontes, “gonzo” é a gíria irlandesa para o último sujeito a permanecer de pé após uma maratona etílica.) E era já também o Thompson dos experimentos sem fronteiras com substâncias alteradoras da consciência. Diz Depp que, ao contrário do que as aparências sugeriam, seu amigo era um homem de sensibilidade incomum e facílima de ferir. “Daí a ‘automedicação’ “, opinou.

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Por contraste, o Paul Kemp que protagoniza Diário é o Thompson da juventude, inseguro sobre qual sua missão no mundo e, embora já bem instruído no álcool, ainda um noviço em relação às drogas. Paul segue para San Juan, em Porto Rico, nos anos 50, para trabalhar num jornaleco à beira da falência. Dada a absoluta falta de rumo da publicação, pode fazer o que bem entende. E, junto ao fotógrafo Sala (Michael Rispoli) e ao companheiro de letras Moberg (Giovanni Ribisi), mete-se em confusões esclarecedoras sobre a venalidade humana. Esse era o tempo em que os americanos exportavam o mau comportamento e a especulação predatória para paraísos tropicais como San Juan, e Kemp se farta de tomar contato com tal hábito por meio de figuras como o caviloso Sanderson (Aaron Eckhart). Mas, no processo, encontra sua contundente e inconfundível voz narrativa, e rouba do especulador sua estonteante namorada (Amber Heard). Amoroso e cheio de cor tanto na reconstituição de seu cenário quanto na recriação de seu protagonista, Diário deixa entrever o Thompson que Depp conheceu – não o tresloucado, mas o homem gentil, bem-humorado e surpreendentemente cavalheiresco.

Isabela Boscov
Publicado originalmente na revista VEJA no dia 25/04/2012
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Republicado sob autorização de Abril Comunicações S.A
© Abril Comunicações S.A., 2012


DIÁRIO DE UM JORNALISTA BÊBADO
(The Rum Diary)
Estados Unidos, 2011
Direção: Bruce Robinson
Com Johnny Depp, Giovanni Ribisi, Aaron Eckhart, Michael Rispoli, Amber Heard, Richard Jenkins, Amaury Nolasco

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