PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana
Imagem Blog

Isabela Boscov

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Está sendo lançado, saiu faz tempo? É clássico, é curiosidade? Tanto faz: se passa em alguma tela, está valendo comentar. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Com Damon e Bale, “Ford vs Ferrari” voa da largada até a bandeirada final

Exuberante e bem-humorado, filme do diretor de “Logan” recria a disputa antológica de 1966 no circuito de Le Mans

Por Isabela Boscov Atualizado em 30 jul 2020, 19h19 - Publicado em 15 nov 2019, 17h54

Tenho aqui o mesmo problema que tive com Rush em 2013: convencer aqueles espectadores que não dão a mínima para automobilismo de que Ford vs Ferrari não é um filme só para fãs de velocidade. É um filme que, sim, recria as sensações de uma corrida com gosto e com uma competência de provocar vertigens e arrepios – mas é antes de tudo a história exuberante, colorida e bem-humorada de dois sujeitos completamente diferentes entre si que têm um ponto importante em comum: o fraco por fazer aquilo que os outros dizem que não pode ser feito. Carroll Shelby (Matt Damon) foi uma lenda do automobilismo. Em 1959, tornou-se o único americano (até hoje) a vencer as 24 Horas de Le Mans e, depois, quando deixou as pistas, virou um arrojado fabricante de carros esportivos (o mais famoso, por bom motivo, é o Shelby Cobra, um chuchu com motor V-8 debaixo do capô sinuoso). Tudo que Shelby tinha de esperto, sociável e bom-de-bico, porém, o inglês Ken Miles (Christian Bale) tinha de teimoso, temperamental e intratável. Piloto de testes e mecânico de talento extraordinário, Miles foi um desses sujeitos que preferem perder tudo a perder a franqueza. E teria perdido tudo mesmo, não fosse Shelby ter tanta fé nele – e não fosse um jovem executivo da Ford Motors chamado Lee Iacocca (Jon Bernthal) ter persuadido o chefão Henry Ford II (Tracy Letts) de que a maneira mais eficiente de desfazer a imagem de sem-graça dos carros da companhia seria criar um modelo tão incrível, mas tão incrível, que poderia bater a Ferrari, campeã inconteste de Le Mans, e assim mudar a imagem da marca. (Henry Ford II tentou comprar a Ferrari, foi esnobado por Enzo Ferrari, e aí, furioso, é que topou mesmo a ideia de Iacocca, que mais tarde viria a ser também ele um CEO lendário). Mas quem criaria esse carro? Iacocca apostou em Shelby – e Shelby apostou em Miles para pilotar o bólido que eles criaram em tempo recorde, o Ford GT40. A questão era, como pilotar o explosivo Miles?

Ford vs Ferrari
(Fox/Divulgação)

Há uma cena genial em Ford vs Ferrari na qual Shelby ilustra para Henry Ford II, de maneira bem prática, por que é preciso ter o melhor sujeito ao volante – e não o sujeito mais agradável, ou o mais fotogênico. Shelby convida Ford II para dar uma volta no carro ainda em teste que seus 9 milhões de dólares (hoje, o equivalente a uns 70 milhões) haviam comprado – e sai zunindo pelo autódromo em manobras apavorantes, até o executivo literalmente cair no choro. Hoje os pilotos quase sempre saem andando dos acidentes mais inacreditáveis, mas na década de 60, e bem além dela ainda, o automobilismo era um esporte de gente disposta a encarar a morte. Os chassis se retorciam e esmagavam os pilotos entre as ferragens, o tanque de combustível era frágil e o carro podia virar uma bola de fogo em segundos, as roupas não ofereciam proteção contra os incêndios. Morria-se com frequência nas pistas, e de maneiras horríveis. Reduzido às lágrimas no banco do carona, Ford II finalmente compreende por que é preciso engolir o indigesto mas notável Miles e deixá-lo pilotar.

Ford vs Ferrari
(Fox/Divulgação)

Em tempo: não sou fã de automobilismo. Mas sou fã de filmes bem-feitos, com olho para a autenticidade e o detalhe, personagens vivos, atores comprometidos com o trabalho (o elenco é uma beleza de ponta a ponta, e Damon e Bale, tão diferentes entre si quanto seus personagens, têm uma química fabulosa) e dirigidos com vontade e com imaginação. James Mangold, que não é reconhecido como “autor” por fazer de tudo, é um desses diretores que entram no set com prazer, conhecem cinema e sabem como usá-lo da melhor maneira para cada finalidade. Três bons argumentos em favor dele: Johnny & June, Os Indomáveis e Logan. E, agora, também o irresistível Ford vs Ferrari, que tem 2 horas e meia de duração e passa voando.

Continua após a publicidade

Trailer

Continua após a publicidade
FORD VS FERRARI
(Ford v Ferrari)
Estados Unidos/França, 2019
Direção: James Mangold
Com Matt Damon, Christian Bale, Catriona Balfe, Tracy Letts, Jon Bernthal, Noah Jupe, Ray McKinnon, Josh Lucas, Remo Girone.
Distribuição: Fox

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.