“Eurovision: Sigrit e Lars” na Netflix: Will Ferrell num besteirol genial
Ele e Rachel McAdams (mais grande elenco) brilham como uma dupla desastrada de pop islandês que entra sabe-se lá como no evento maior do eurobrega
Há pouca coisa melhor, em uma noite qualquer em casa, do que uma comédia que abraça o ridículo, venera o brega, ama a tolice e é tão honestamente doce quanto Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars – que, para mim, completa agora a trinca dos mais geniais besteirois já feitos por Will Ferrell, junto com Os Estragos de Sábado à Noite e Escorregando para a Glória (este, também disponível na Netflix). Como em todos os besteirois mais ou menos acertados do seu currículo (a lista é enorme, e vai do horrível Holmes & Watson ao sucesso O Âncora), Ferrell faz aqui Lars, um tipo tão sincero quanto sem-noção: desde pequeno aguenta a zombaria do pai (Pierce Brosnan) e de toda a cidadezinha islandesa de Húsavík porque insiste que um dia vai não só concorrer no Eurovision, como ganhar o festival – que lançou o Abba, é o auge do cafona, e continua popularíssimo na Europa. A única que acredita em Lars, e sonha com ele, é Sigrit (Rachel McAdams, uma graça), apaixonada por ele desde a infância e nunca correspondida, porque Lars é tonto demais para enxergar o que tem na sua frente. Graças a um acidente bizarro, porém, a Islândia fica sem nenhum artista bom ou ruim para concorrer. O remédio é despachar para Edimburgo, a sede da vez, o desacreditado e ridicularizado duo Fire Saga – ou seja, Lars e Sigrit, com seu pop escandinavo entusiasmado.
Aos 2 minutos e 58 segundos, exatamente, comecei a rir de sair lágrimas, e não parei mais. Quando Dan Stevens entra em cena como o superstar russo Alexander Lemtov, cantando a apoteótica e absurda Leão do Amor, é para desabar (aliás, não vi a legendagem brasileira, mas espero que ela não tenha estropiado demais as letras, porque elas são o ó do borogodó). Stevens está fantástico, e só não digo que ele é quem mais se diverte com o filme porque eu mesma terminei até cansada – e leve e feliz – de tanto rir. Não sei porque ainda estão procurando um novo James Bond; não consigo pensar em ninguém melhor do que ele para suceder Daniel Craig.
O golpe de mestre de Eurovision, assim como do maravilhosamente bobo Escorregando para a Glória, que se passava no mundo da patinação artística, é a maneira como ele é generoso e afetuoso com a breguice que está retratando. Quem dirige é David Dobkin, de Penetras Bons de Bico e Eu Queria Ter a Sua Vida, mas isso, de levar a sério os anseios delirantes do personagem e se enternecer com eles, é puro Will Ferrell. Que, de fato, é fã do Eurovision desde que se casou com uma sueca, e já foi a algumas edições do festival. De quebra, algumas das canções são legais mesmo – inclusive as do Fire Saga, e em especial a última, do momento de redenção da dupla desastrada. (A sueca Molly Sandén, que dubla Rachel McAdams, tem uma voz poderosa, e belíssima.) Por fim, aproveite para ver quantas das figuras reais que aparecem no filme você conhece – De Demi Lovato e Graham Norton, como o comentarista do festival, até sucessos do Eurovision como o português Salvador Sobral e a austríaca Conchita Wurst.
Trailer
| FESTIVAL EUROVISION DA CANÇÃO: A SAGA DE SIGRIT E LARS (Eurovision Song Contest: The Story of Fire Saga) Estados Unidos, 2020 Direção: David Dobkin Com Will Ferrell, Rachel McAdams, Dan Stevens, Pierce Brosnan, Oláfur Darri Ólafsson, Mikael Persbrandt, Demi Lovato, Melissanthi Mahut, Graham Norton Onde: na Netflix |
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