Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Isabela Boscov

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Está sendo lançado, saiu faz tempo? É clássico, é curiosidade? Tanto faz: se passa em alguma tela, está valendo comentar. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Black Mirror – A Nova Temporada

Série chega à Netflix mais mansa – mas ainda mexe com a cabeça do espectador

Por Isabela Boscov Atualizado em 4 jun 2024, 20h23 - Publicado em 22 out 2016, 10h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • blackmirror3_mat1
    San Junipero ()

    Se você já teve um momento de ansiedade com o seu número de curtidas – ou de descurtidas – numa rede social, imagine como seria ganhar uma nota de 0 a 5 de cada pessoa com que você cruza na rua e no trabalho. Conhecidos, desconhecidos, tanto faz: o sujeito olhou para você, ele publica uma avaliação. Você olha para alguém, e faz o mesmo. Imagine mais: a sua média é atualizada segundo a segundo, e anda com você para onde você for. Todo mundo usa implantes de retina, e uma das funções deles é projetar a nota de cada indivíduo, bem visível, ao lado da testa dele. Imagine, então, se isso tivesse reverberações profundas não só sobre a sua autoestima, mas também sobre a sua vida prática do dia a dia. Parece tirania? E é. Bem-vindo ao futuro de Black Mirror: ele é quase igual ao presente – só que ainda mais complicado e, em geral, piorado.

    blackmirror3_mat3
    Perdedor ()

    Em novembro passado, fiz um post aqui no blog sobre essa estupenda série de ficção científica criada pelo inglês Charlie Brooker: eu tinha acabado de ver todos os sete episódios existentes até então (três em cada temporada, mais um especial de Natal) e estava de queixo caído com a imaginação e a audácia de Brooker. Se você ainda não viu, é hora de correr: o projeto foi encampado pela Netflix, e desde ontem há seis episódios inéditos disponíveis. O brilhante Perdedor, que eu descrevo acima, é um deles.

    blackmirror3_mat2
    Cala a Boca e Dança ()
    Continua após a publicidade

    Black Mirror segue o formato de antologia. Cada episódio é uma história completa, com diretor, atores, ambientação e enredo diferentes. Em tese, portanto, não importa por qual temporada ou episódio você começa. Mas eu recomendo que você siga a ordem certa, porque algumas ideias vão sendo expandidas ou retrabalhadas de um episódio para outro. Ou seja: se você é novato em Black Mirror, pode ir ajeitando as almofadas do sofá, porque tem bem umas sete horas de programação pela frente antes de chegar à nova leva de histórias. Recomendo especialmente que você comece pelo primeiro episódio a ir ao ar na Inglaterra, em 2011, chamado The National Anthem (“O Hino Nacional”). É um choque do qual você não vai se esquecer tão cedo, e a porta de entrada certa para o mundo estranho de Charlie Brooker.

    blackmirror3_mat4
    Engenharia Reversa ()

    Todos os treze episódios produzidos até agora partem de uma mesma premissa: explorar os comportamentos que nascem de uma nova possibilidade tecnológica (que costuma ser um desdobramento ou uma sofisticação de uma tecnologia com a qual já convivemos). Na leva original de sete episódios, que foi produzida pelo Channel 4 inglês entre 2011 e 2014, havia especulações sobre trending, reality shows, o rastro digital que a gente vai deixando por aí, a formatação de programas conforme a reação em tempo real da audiência – e um, sensacional, sobre uma forma muito radical de bloquear alguém da sua vida. Eles eram todos incrivelmente incisivos e ousados – um desenvolvimento lógico levado às últimas consequências dos comportamentos que a gente já vem manifestando. Naquele post de novembro, defini assim: Black Mirror não tratava de realidade alternativa, mas sim de realidade extrema. Aliás, uma observação: em uma entrevista publicada ontem no UOL, Charlie Brooker frisou que a tecnologia não é a vilã de suas histórias. E não é mesmo. A questão de que ele trata são as maneiras que encontramos de nos servir das evoluções tecnológicas – e essas maneiras não raro aprofundam ou amplificam as nossas falhas, fraquezas e mesquinhezas tipicamente humanas.

    Continua após a publicidade
    blackmirror3_mat6
    Odiados pela Nação ()

    Esta nova meia-dúzia de histórias, porém, é um pouco mais mansa. Em parte porque quase todas as tramas especulam sobre um avanço que ainda está nos primeiros passos e não é tão presente no dia a dia – a “realidade aumentada”. Até agora, o exemplo inevitável de uma camada virtual sobre a realidade concreta é o Pokémon Go, que não chega a disparar alarmes sobre o labirinto em que talvez estejamos nos enfiando. De outra parte, acho que Charlie Brooker e sua colaboradora, a produtora Annabel Jones, sentiram um pouco a pressão de migrar do Channel 4 inglês para uma plataforma global como a Netflix. Bem entendido, essa é uma hipótese minha. Mais cautela, mais humor e narrativas mais acessíveis, contudo, seriam reações naturais à perspectiva de saltar de um nicho para uma audiência maciça. É uma ideia que mexe com a cabeça de um criador. Sem problema: apesar de ter ficado um tiquinho menos contundente, Black Mirror continua mexendo com a minha cabeça.

    blackmirror3_mat5
    Versão de Testes ()
    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.