Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Isabela Boscov

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Está sendo lançado, saiu faz tempo? É clássico, é curiosidade? Tanto faz: se passa em alguma tela, está valendo comentar. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Black Mirror

Não é realidade alternativa. É realidade extrema.

Por Isabela Boscov Atualizado em 26 jun 2017, 16h56 - Publicado em 23 nov 2015, 13h12

A princesa que os ingleses adoram foi sequestrada, e o sequestrador faz só uma exigência: que o primeiro-ministro apareça na televisão e, diante do país inteiro, ao vivo, sem cortes e sem simulação…

Não, não vou contar.

É tão bizarra e obscena, tão profundamente doentia a exigência do sequestrador, que eu deixo para você mesmo ver – e daí ir procurar seu queixo caído em algum lugar da sala com os rumos que o criador de Black Mirror, o inglês Charlie Brooker, dá a este primeiro episódio de um total de sete que o Netflix acaba de disponibilizar aqui. Black Mirror é uma série em formato de antologia: cada episódio é uma história completa, com seu próprio elenco e seu próprio universo. Todos eles, porém, têm em comum algo fundamental: passam-se em um futuro próximo que é uma versão acentuada, ou extrema, do nosso presente.

mirror_mat1

Veja-se, por exemplo, o terrível dilema enfrentado pelo primeiro-ministro (interpretado pelo fantástico Rory Kinnear) nesse primeiro episódio, que tem o título bem perverso de The National Anthem, ou “O Hino Nacional”: a exigência do sequestrador é de embrulhar o estômago, e em um mundo razoavelmente sensato ninguém deveria esperar que o PM a cumprisse. Mas, à medida que a história começa a se viralizar no YouTube e nas redes sociais, e a repercussão do fato vai flutuando, tudo que resta ao PM e seu gabinete é calcular o que será menos danoso: o PM recusar a exigência e colocar a vida da princesa em risco, ou acatá-la e nunca mais conseguir se olhar no espelho sem lembrar desse momento de indignidade excruciante.

Continua após a publicidade

mirror_mat3

Quase sempre é disso que a ficção científica fala quando está falando do futuro – do presente, claro. Ou, mais precisamente, dos caminhos em que o presente está nos colocando. E a parte do presente que interessa ao insanamente criativo Charlie Brooker é a obsessão com informação, conectividade, compartilhamento, renúncia à privacidade, exposição da intimidade alheia e todas as incalculáveis implicações da incoporação da tecnologia à vida pessoal em tão alto grau. Em um episódio, por exemplo, Hayley Atwell fica viúva de Domnhall Gleeson, e deve decidir se vai “recriá-lo” ou não a partir das informações contidas nos posts que ele fez ao longo da vida. Em outro, uma briga entre o casal formado por Toby Kebbell e Jodie Whittaker toma proporções inéditas graças a um implante a que quase todo mundo aderiu, o qual grava tudo aquilo que o olhar de uma pessoa está captando e permite infinitos replays. Em outro ainda, Daniel Rigby percebe que a criação que ele interpreta, um urso azul desbocado chamado Waldo, saiu totalmente de seu controle. O último dos sete, um longo confronto entre Jon Hamm e Rafe Spall numa cabana no meio da neve, é o mais intrigante e arrepiante deles todos. Mas, em todos os episódios, uma mesma escolha se apresenta aos protagonistas – ceder à correnteza em que um recurso tecnológico os está levando ou tentar resistir. A primeira alternativa sempre leva a um mesmo destino: à sensação de que a pessoa se tornou oca e à ruína de suas relações mais próximas. A segunda alternativa, porém – resistir – é virtualmente impraticável.

mirror_mat2

Continua após a publicidade

Black Mirror quase sempre é comparada a Twilight Zone, a clássica antologia de ficção científica criada por Rod Serling entre 1959 e 1964. Mas há uma diferença primordial entre elas: Serling era brilhante, mas tratava suas profecias como advertências. Já Charlie Brooker aborda suas histórias sempre com o tom de um participante da cultura sobre a qual ele está especulando; ele não é alguém que, de fora, alerta sobre os perigos de um estilo de vida, mas sim alguém que, de dentro, pergunta-se se seria possível corrigir sua rota.

Agora, a melhor de todas as notícias: Brooker já está trabalhando nos próximos doze episódios de , que serão produzidos não mais pelo Channel 4 inglês, mas pelo Netflix, e devem ficar prontos em 2016 ou 2017.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.