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007 – Quantum of Solace

Por Isabela Boscov Atualizado em 11 jan 2017, 15h59 - Publicado em 5 nov 2008, 18h40

Um James Bond perigoso.

007 – Quantum of Solace não é redondo como Cassino Royale. Mas tem uma vantagem: deixa Daniel Craig livre para tornar o espião mais agressivo, incontrolável – e sexy – do que nunca.

Em 007 – Quantum of Solace (Inglaterra/Estados Unidos, 2008), James Bond não bebe martínis, mal perde tempo com seus antes célebres trocadilhos, seduz uma só mulher (e meio na correria) e dirige aquele magnífico Aston Martin sem a menor fineza, deixando partes dele pelo caminho. Também não flerta com a secretária Moneypenny nem ganha engenhocas do engenheiro Q, porque os dois ficaram de fora do filme. Nem sequer diz “Meu nome é Bond – James Bond”, a frase-assinatura que marcou todos os outros 21 filmes da série. Os fãs históricos (que não são poucos) argumentariam que, de tão mudado, ele nem merece dizê-la: se Bond perdeu a suavidade, trocou o humor pela agressividade e não precisa de licença para matar, porque mata mesmo (uma das melhores piadas recorrentes de Quantum of Solace), então ele não é mais Bond. Outros, a começar pelo estúdio MGM e a produtora Barbara Broccoli, que herdou os direitos sobre a franquia de seu pai, Albert Broccoli, defenderiam a idéia de que o espião está simplesmente se livrando do excesso de bagagem que acumulara desde sua aventura inicial, em 1962. Os números ratificam esse raciocínio: quanto mais Bond muda, mais vigoroso se torna seu desempenho na bilheteria, numa curva ascendente que o levou de 352 milhões de dólares de renda mundial com 007 Contra GoldenEye, o primeiro filme estrelado por Pierce Brosnan, a 594 milhões com Cassino Royale, o primeiro com Daniel Craig. Entre essas duas teses, porém, fica a peça que valida a ambas e faz o personagem funcionar tanto na sua antiga lógica, de ícone do cool, quanto na nova, de uma platéia cada vez mais jovem e impaciente: justamente Craig. Que, com todo o respeito devido a Sean Connery, é o Bond mais perigoso que já houve.

Quantum of Solace (título que foi mantido no original porque a distribuidora não encontrou tradução atraente para seu significado, “um módico de consolação”) traz 007 numa fúria gelada – porque no filme anterior sua namorada, Vesper, o traiu, e também porque a certa altura ela inesperadamente decidiu se sacrificar por ele. M (Judi Dench), sua chefe no MI-6, o serviço secreto britânico, já não consegue controlá-lo, e chega a expedir uma ordem para sua prisão. Ou pior, caso ele resista. Seguindo a pista da organização que matou Vesper, 007 vai cruzar o caminho de um pretenso ambientalista que, na verdade, vive de derrubar e erguer ditaduras em nações instáveis (papel de Mathieu Amalric, o ator francês mais requisitado do momento); vai contrariar os interesses de um general boliviano; e vai juntar forças com Camille (a ucraniana Olga Kurylenko), uma agente de afiliação desconhecida, mas cujos atrativos a recomendam sem reservas. Se Quantum não é redondo como o era Cassino Royale, é porque esses elementos não dão liga (sem falar que não existe nada mais cansativo que um vilão boliviano): eles estão lá mais pelo seu potencial de proporcionar ação violenta, radical e ininterrupta do que pela sua capacidade de impulsionar o enredo. Mas é nessa falha que está também a grande vantagem de Quantum – o fato de que Craig fica aqui finalmente livre para tratar o personagem nos seus próprios termos.

Isso significa que 007 agora, além de agressivo, é dúbio, rancoroso e, ainda assim, frio. Significa também que agora manifesta sem nenhum pudor a natureza que se escondia sob a suavidade que foi descartada: em vez de ser o homem que os homens querem ser, como nas versões anteriores, agora ele é o homem que as mulheres querem. Até M, que não esconde mais seu fraco pelo espião incontrolável. E como não: com aquele físico que fica além de qualquer descrição e o nariz de boxeador, aqueles olhos de azul intenso e as orelhas de abano, os modos bruscos e aquele charme que desarma quando mais se está na defensiva, Craig é uma combinação irresistível de perfeição e defeitos. O que não faz dele menos Bond que seus antecessores. Torna-o, isso sim, um Bond mais inteiro, e com muito mais sangue nas veias.

Isabela Boscov
Publicado originalmente na revista VEJA no dia 05/11/2008
Republicado sob autorização de Abril Comunicações S.A
© Abril Comunicações S.A., 2008
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