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Salles enxergou mortes pelo coronavírus como oportunidade, diz Greenpeace

Em vídeo de reunião ministerial, ministro do Meio Ambiente sugeriu aproveitar o momento para aprovar medidas "a boiada"

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 Maio 2020, 19h18
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  • O aguardado vídeo divulgado nesta sexta-feira, 22, era esperado por conter informações sobre as acusações do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, contra o presidente Jair Bolsonaro, mas o conteúdo completo revelou também as intenções do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para a sua área. Na reunião, Salles afirmou que, com o momento de “tranquilidade” na cobertura da imprensa, focada na pandemia da Covid-19, seria o momento de “ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”. Salles afirmou: “Agora tem um monte de coisa que é só, parecer, caneta, parecer, caneta. Sem parecer também não tem caneta, porque dar uma canetada sem parecer é cana. (…) Isso aí vale muito a pena. A gente tem um espaço enorme pra fazer”. Segundo a porta-voz de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil, Luiza Lima, o discurso não surpreendeu, mas comprovou o que vem sendo feito pelo governo federal há um ano e meio. 

    Como o Greenpeace Brasil avaliou a fala do ministro do Meio Ambiente? Ele escancarou o que estamos denunciando há um ano e meio. É um projeto orientado para o desmantelamento das políticas e dos órgãos de controle. Na verdade, o plano já está claro. As ações são bastante notórias. Não precisaríamos da fala, o satélite mostra o resultado do trabalho dele. Ainda assim, é revoltante ver o que ele encarna, e que representa a voz de muitos que estavam na reunião, sobre como as pessoas morrendo nos hospitais seja uma boa oportunidade para avançar nesse projeto anti-ambiental. Salles acha que a ausência dos holofotes seria o suficiente para ele fazer o que bem entende. No mínimo, é desumano e imoral. Desde o início desse governo estamos dizendo o contrário. Não há espaço para passar “a boiada”. Como sociedade, vamos seguir questionando e resistindo.

    É possível agir da forma como o ministro sugeriu, “passando a boiada”? As intenções ficam mais escancaradas a cada dia. A Justiça Federal emitiu uma decisão judicial obrigando que os órgãos ambientais cumpram com os seus deveres. E o satélite continua medindo o desmatamento. Não tem espaço para passar “a boiada” em um bem de todos, que é a floresta. Não é inacreditável o que ele disse, porque é bastante crível que venha dele uma afirmação como essa. Mas não é aceitável. Vamos continuar reagindo.

    Quais foram as ações práticas que aconteceram como reflexo da fala na reunião? Começou na época eleitoral e o plano vem sendo implementado com sucesso. A demonstração é o aumento de desmatamento, de alertas de desmatamento, aumento das mortes no campo. Tudo isso mostra o sucesso de um projeto voltado à destruição. Acontece pelo desmantelamento do Ibama, desde o primeiro corte de orçamento. Quando ele proibiu os servidores do Ministério de fazerem qualquer comunicado público. O envio de tropas do Exército para a floresta é uma tentativa de grande teatro. Estão queimando dinheiro e deixando queimar a floresta. Se o interesse fosse combater o crime, não estariam fazendo esse tipo de comentário que vimos na reunião.

     

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