No encerramento da Olimpíada de 2016, no Rio, quando o então premiê japonês Shinzo Abe apareceu fantasiado de Super Mario, o querido personagem da Nintendo, ele não estava apenas fazendo troça – havia, ali, clara referência a um dos aspectos mas cultuados pelo Japão moderno, o sucesso de suas empresas de tecnologia. Evidentemente, a Covid-19 fez da abertura dos Jogos de Tóquio, na manhã dessa sexta-feira, 23, um evento um tanto melancólico, sem público e reduzido número de atletas em campo (embora tenha sido uma cerimônia simples e bonita, que em momento algum abandonou o fato incontestável de vivermos uma pandemia).
Em um aspecto, contudo, a festa de abertura não mudou o plano original: a celebração da criatividade científica japonesa. Foi com espanto que o mundo viu pela televisão os 2.000 drones bailarem em cima do estádio olímpico para então formarem um globo terrestre – e sim, para nunca deixar dúvida, nem aqui, nem no Japão: a terra é redonda. Recurso semelhante havia sido utilizado na inauguração dos Jogos de Inverno de 2018, em PyeongChang, na Coreia do Sul – naquela oportunidade, eles formaram os cinco anéis olímpicos. Mas é a imagem de hoje que ficará eternizada – como a do choro do ursinho Misha de Moscou, em 1980. Em tempo, para demonstrar que o Japão não está para brincadeira: o comércio de videogames no país alcançou a cifra de 3,5 bilhões de dólares em 2020, um crescimento de 12,5% na comparação com o ano anterior. Super Mario em 2016 e os drones de 2021 são uma ode à inovação. E é ela, atrelada à ciência e à medicina, no avesso do negacionismo, quem nos fará vencer o novo coronavírus. Que os Jogos comecem!