O mundo parou para ver Simone Biles em cena. A ginasta americana, que fora heroica ao admitir fragilidades mentais que a impediram de competir em Tóquio, participaria enfim de uma das modalidades – a trave. Simone tinha abdicado de competir no individual geral, no salto, nas barras assimétricas e no solo. E enfim, eis a maior de todos os tempos, dona de quatro ouros, uma prata e um bronze no Rio, em 2016, de volta ao palco. E então, reafirme-se, o mundo parou. A atleta fez um salto apenas razoável, ficou com o bronze. Foi aplaudida efusivamente pelas colegas e pelas outras equipes no ginásio vazio de público. Terminava, ali, a saga inesquecível da americana no Japão.
Para sempre lembraremos da coragem de uma supercampeã para quem a vida vale mais do que a pressão de ser a melhor de todas. Eis o que ela disse, para a posteridade, multiplicando-se em uma, duas, três, quatro: “Eu não sei como eu estou me sentindo agora. Eu só preciso voltar para casa e trabalhar em mim mesma, me sentir ok com tudo o que está acontecendo, processar tudo enquanto estou aqui. Foi a parte mais difícil disso tudo. Eu estava ok por perder as finais porque sabia que, fisicamente, eu não poderia fazer isso. Mas eu precisava entender por que o meu corpo e minha mente não estavam em sincronia. O que aconteceu? Eu estava muito cansada? Por que os cabos não conectavam? Eu treinei a minha vida toda, eu estava pronta, mas algo aconteceu fora do meu controle. Mas, no fim das contas, a minha saúde importa mais do que qualquer medalha”.