O ex-astro do basquete Kareem Abdul-Jabbar, seis vezes campeão da NBA, seis vezes vencedor do prêmio de melhor jogador, maior cestinha da história da liga com 38.387 pontos, é também embaixador cultural dos Estados Unidos, autor best seller de livros e colunista da revista Time. Convertido ao Islã em 1968, Jabbar escreveu o artigo “Esses ataques terroristas não tem a ver com religião”, publicado dois dias depois do ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo em Paris.
Sua opinião decerto lhe garantiria vaga de “especialista” na Globo News, mas nos EUA, para colocar as coisas em seus devidos lugares, felizmente existe a Fox News, não à toa líder de audiência há 13 anos entre os canais de notícias desde que ultrapassou a CNN em 2002.
Sem perder a elegância, o âncora Bill O’Reilly apontou na segunda-feira (19) os problemas da teoria de Jabbar – vários deles apontados neste blog nas últimas semanas – e, como não poderia deixar de ser, da postura de Barack Obama diante da ameaça do terror islâmico. Assista ao vídeo abaixo, legendado a meu pedido e transcrito em seguida:
Olá, sou Bill O’Reilly. Obrigado por nos assistir. Esta noite Barack Obama, Kareem Abdul-Jabbar e o Islã são o tema do comentário.
A maioria dos americanos atentos a seu país continua perplexa com a Casa Branca e sua aparente apatia sobre a ameaça colocada pelo Islã radical. Para ser justo, o presidente Obama e seus assessores estão fazendo o que podem para proteger o país de ataques. Mas eles não têm estratégias para vencer a Jihad totalmente e estão confusos quanto à real natureza do perigo. Uma nova pesquisa da Reuters hoje mostra que Obama continua naufragando em aprovação. É forçoso pensar que isso é por conta da resposta dele ao terror em Paris e à Jihad em geral. Hoje, apenas 37% dos americanos aprovam a forma como o sr. Obama está atuando; 55% desaprovam. Também, uma nova pesquisa da Fox News mostra a forte rejeição dos americanos à forma como o presidente está conduzindo a guerra ao terror.
Surge a lenda do basquete Kareem Abdul-Jabbar, que se converteu ao Islã há 47 anos. O sr. Abdul-Jabbar é um homem arguto e honesto, e sua coluna na revista Time desta semana vale a leitura. Ele está chocado por sua religião estar sendo aviltada por “bandidos” — palavra dele. Ele quer que os americanos entendam que o problema não é o Islã. Depravados que perverteram a religião são o problema. Creio que Obama acredita no mesmo. Mas essa teoria tem grandes problemas.
Primeiramente, teocracias muçulmanas como o Irã e a Arábia Saudita rotineiramente cometem atrocidades em nome do Islã. Os mulás iranianos e a Casa de Saud têm feito coisas terríveis e usado o nome de Alá para justificá-las. Ainda esta semana, um blogueiro que criticou levemente o Islã levou 50 chibatadas do governo saudita. Ele foi condenado a receber 1.000 chibatadas por sua postagem na internet, 50 a cada semana até que a sentença seja completa. Após queixas por organizações de direitos humanos, a sentença está sendo reavaliada. Também, as prisões iranianas estão cheias de pessoas que simplesmente falaram em favor da liberdade. Então os problemas do mundo muçulmano não são apenas causados por indivíduos. Eles são muito mais profundos.
Mas Abdul-Jabbar não se convence, escrevendo: “Sabendo-se que os ataques terroristas não são por conta da religião, temos que chegar ao ponto em que paramos de colocar o Islã nessas discussões. Sei que ainda não estamos lá porque boa parte da população ocidental não entende a religião islâmica.” Isso é verdade. Mas eis o que o sr. Abdul-Jabbar ignora: boa parte do mundo muçulmano aparentemente não entende a religião islâmica. Veja o Paquistão, por exemplo. Ele permite o santuário de talibãs — notórios violadores dos direitos humanos. Isto é admissível para o Islã? Aparentemente, o governo paquistanês crê que sim. E a Turquia? Ela não apoiará o Ocidente na luta contra os assassinos do ISIS em suas fronteiras. O Islã tolera a decapitação de inocentes? O Corão não estabelece que um bom muçulmano protege os inocentes e luta contra injustiças? Aparentemente o governo turco também não entende a religião islâmica. Eu poderia apontar dúzias de outros exemplos de islâmicos ricos financiando a Al-Qaeda e o ISIS para que a lei da Sharia seja usada para maltratar mulheres em escala maciça. Se você for mulher na Arábia Saudita, você não pode nem dirigir. Então Kareem Abdul-Jabbar devia entender que o Islã está sendo apresentado ao mundo de forma no mínimo duvidosa.
Ele continua: “Quando a Ku Klux Klan queimou uma cruz no jardim de uma família negra, cristãos notáveis não precisaram explicar que essa não foi uma atitude cristã. A maioria já havia notado que a KKK não representava os ensinamentos cristãos. É por isto que eu e outros muçulmanos anseiamos: o dia em que esses terroristas louvando o Profeta Maomé ou o nome de Alá enquanto aviltam seus reais ensinamentos forem imediatamente reconhecidos como bandidos disfarçando-se de muçulmanos.” O desejo de Abdul-Jabbar poderia se concretizar muito mais rápido se todas as nações muçulmanas confrontassem a Jihad da forma como os EUA confrontaram a KKK. O FBI, largamente composto por cristãos, desmantelou a KKK, destruindo sua liderança ao julgar vigorosamente os que crimes que eles estavam cometendo. Que nação muçulmana neste mundo está procedendo assim com os jihadistas? A resposta é nenhuma, com a possível exceção da Jordânia.
O presidente Obama e seus acólitos da esquerda acreditam que não é certo julgar o mundo muçulmano como em geral responsável pelo terrorismo que põe o planeta em perigo. Essa visão é ressoada pelo canal MSNBC, que surgiu ao lado do New York Times como o principal minimizador do perigo da Jihad.
EVAN KOHLMANN, ESPECIALISTA EM TERRORISMO DA NBC NEWS: Se nossa agenda é promover paz e reconciliação e entendimento, você sabe, dizer coisas ruins sobre o Islã não resolverá o problema. Então, novamente, a liberdade de expressão é algo grande e deveria ser assegurada, e não deveria haver censura prévia, mas vamos também lembrar de respeitar as pessoas se queremos ser respeitados.
TOURE, CO-APRESENTADOR DO “THE CYCLE”: Muita gente pensa que o que é chamado de terrorismo islâmico talvez não devesse ser chamado assim porque na verdade trata-se de um abastardamento do Islã, que é uma religião de paz global.
Felizmente, os americanos estão rejeitando esse absurdo porque entendem que há uma facção do Islã que prega violência, e ela não está sendo desafiada de nenhuma forma relevante pelos bons muçulmanos. Há pregação anti-jihadista, mas pouca ação clara.
O presidente Obama tem a responsabilidade conosco de se engajar pessoalmente na destruição da Jihad. Como este programa demonstrou repetidamente, os EUA não têm estratégia integral para derrotar a Jihad e apenas reagem às últimas atrocidades, às vezes de forma fraca e confusa. A Europa está finalmente despertando para o fato de que perdeu o controle do movimento islâmico radical e o caos começa a reinar. Nós na América não temos esse problema, já que os muçulmanos americanos, como Kareem Abdul-Jabbar, são em geral boas pessoas e cidadãos. Sim, há os malucos, mas não são muitos. Mas os EUA deveriam liderar o mundo, então a questão vira: “Estamos mobilizando o mundo contra a Jihad?” A resposta é: “Não, não estamos.” Obama não dará uma palavra em prol do combate.
Este foi o comentário.*
* Traduzido pelos Tradutores da Direita para o blog de Felipe Moura Brasil na VEJA.com.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil
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