Luiz Edson Fachin, indicado por Dilma Rousseff para o STF, será sabatinado na próxima terça-feira (12) no Senado.
Mas ninguém precisa esperar até lá para conhecer mais do petista por ele mesmo e concluir que o sujeito não deveria jamais chegar ao Supremo.
No vídeo da série “Depoimentos para a História”, em entrevista à ONG DHPAZ do Paraná, o homem que pediu votos para Dilma em 2010 mostra quem é.
Destaco e comento cada trecho em seguida:
1) Em clima de camaradagem, Fachin confessa que cometeu crimes durante os períodos de enfrentamento político no Brasil, mas que estão todos prescritos. Em seguida, emenda com a típica risadinha de um marginal orgulhoso dos atos: “quase todos”.
Quase!
2) Fala de seu guru Edílio Ferreira, um professor de língua portuguesa e literatura que lhe “fez ver o mundo com outros olhos: era um homem progressista, ligado ao Partido Comunista, aos movimentos de esquerda, um homem que tinha uma visão plural e aberta da vida”.
Ou seja: Fachin passou a ver o mundo com olhos comunistas, tão plurais e abertos como um canudo de Toddyinho.
3) Ele lembra que, para sua surpresa, “o movimento estudantil da faculdade de Direito era o mais reacionário de toda a universidade. Depois eu percebi que a surpresa não era tanta assim, que os estudantes de Direito não raro são muito conservadores”.
Como qualquer comunista, Fachin aponta essas coisas com lamento.
4) Ele conta que acabou se “ligando na questão da terra e obviamente a luta pela reforma agrária, que foi o segmento no qual eu mais participei durante o movimento da Constituinte”.
De fato, como mostrei aqui, o nome de Fachin – o preferido de João Pedro Stédile – consta até em abaix0-assinado que prega a reforma agrária “postergada pelas pressões espúrias de forças conservadoras” e a “legítima pressão que os trabalhadores rurais sem terra vem exercendo sobre o governo… através das ocupações pacíficas [!!!]”.
5) Diz ele no vídeo: “Uma das imagens que eu tenho muito presente é no comício das Direitas com pessoas que mais tarde seguiram caminhos TÃÃÃO diversos”.
Fachin cita os falecidos Franco Montoro, Mário Covas e José Richa, todos do PSDB, e Maurício Fruet (PMDB); e cita também Euclides Scalco (PSDB) e Roberto Requião (PMDB).
Ou seja: os caminhos TÃÃÃO diversos para Fachin são aqueles diferentes do PT de Fachin.
“Percebeu-se na verdade que a luta pelo poder para alguns, as divergências ideológicas para outras, as divergências de projeto de vida, de percepção de sociedade, acabou [sic] se esfacelando. E isto já se percebeu na Constituinte de 1988.”
6) Agora o grande momento:
Fachin revela que escreveu um artigo em 1978 sobre partidos políticos e a realidade nacional.
Nele, afirmava que o único partido que poderia ser assim chamado era o Partido dos Trabalhadores, “que tinha um programa de transformação do Brasil”.
Dá-se então o seguinte diálogo:
Fachin: …de modo que, mesmo depois da Constituinte a ilusão se manteve e, em parte, se realizou, em parte não; obviamente vivemos também um pouco dessas contradições que o Brasil de hoje vive.
Entrevistadora: E que é o grande leitmotiv (motivo condutor) do PT, né?
Fachin: Exatamente!
Entrevistadora: Que mantém a integridade aí dessa proposta.
Fachin: Exatamente. Exatamente.
Pois é.
Fachin é petista? Exatamente. O Senado tem de vetá-lo? Exatamente.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil
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