
Vocês já devem ter visto a nova propaganda nacional do PT com as famílias felizes vendo a si próprias mais pobres no passado e fazendo aquelas carinhas de dó e pavor de voltar àquele estado. “Não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e levem tudo o que conseguimos com tanto esforço”, diz a voz em off. “Nosso emprego de hoje não pode voltar a ser o desemprego de ontem. Não podemos dar ouvidos a falsas promessas. O Brasil não quer voltar atrás”.
Também devem ter visto os candidatos do PSB, Eduardo Campos, falando que os petistas “tentam incutir o medo e o terror contra a mudança de governo” e o do PSBD, Aécio Neves, que “é triste ver um partido que não se envergonha de assustar e ameaçar a população para tentar se manter no poder”. Eu já falei aqui da incapacidade do partido de Aécio de falar a linguagem do povo, de modo que não vou me estender sobre o seu comentário de que este “é um ato de um governo que vive seus estertores”. Ele que contrate Patrícia Secco para “descomplicar” o seu discurso, deixando os “estertores”, em ano de eleições, para a literatura de Machado de Assis, que vive de fato seus estertores nas mãos dessa esquerdista financiada com dinheiro público.
O meu ponto é que não basta acusar os petistas de meter medo na população com o seu evidente terrorismo eleitoral. Nem simplesmente de estarem “morrendo de medo de perder”, como fez o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg, limitando-se à questão das urnas. A oposição (ô posiçãozinha!) precisa é de umas aulinhas de aikido para aprender a usar o peso, a força e o movimento de ataque do adversário contra ele mesmo. O vídeo é um prato cheio. Se mostra famílias que supostamente ganharam uma condição melhor de vida com o governo do PT, por que não mostrar que ninguém mais do que os petistas e seus cúmplices subiram de vida durante esses 12 anos de roubalheira e tráfico de influência no poder? São eles próprios que temem perder as mordomias ao largar o osso, mas, posando de bonzinhos, projetam esse medo específico sobre a população.
É hora de um vídeo-resposta, com atores no papel das estrelas do petismo. Em lugar da família de caminhonete pelo campo vendo a si própria suando a pé pela estrada, teríamos por exemplo o hoje multimilionário Lulinha, filho do ex-presidente Lula, vendo-se, nas palavras de Jair Bolsonaro, como “limpador de estrume de elefante no Zoológico de São Paulo”. Em lugar da mãe com seu filhinho no colo comprando remédio vendo a si própria como indigente, teríamos o príncipe do PAC Fernando Cavedish, dono da Delta Construções, vendo-se com um faturamento pelo menos 1.400% menor. Em lugar da mãe atravessando a rua com o filho e vendo o menino limpando para-brisa no sinal fechado, teríamos a amiga íntima de Lula, Rosemary Noronha, gozando (sem trocadilho) do avião presidencial, vendo a si própria entediada no escritório. Em lugar da menina tomando sorvete com a família arrumadinha e vendo a si própria maltrapilha de pãozinho na mão, teríamos o cientista petista Miguel Nicolelis com a veste robótica da abertura da Copa, pela qual recebeu R$ 33 milhões do governo federal, vendo-se buscar outras fontes lá nos EUA. Em lugar do trabalhador engravatado na chuva vendo a si próprio em andrajos com um guarda-chuva ridiculamente roto, teríamos blogueiros sujos em computadores de última geração, com os quais bajulam o poder e difamam os adversários, vendo-se aflitos com os velhos MSX (e postando em comunidades do orkut).
Sem falar em Dilma vendo-se gerente de duas lojinhas falidas de “cacarecos” a R$ 1,99.
Para um final apoteótico, mensaleiros, aloprados, erenices, mídias ninjas, beneficiários dos empréstimos do BNDES, garotos-propaganda das estatais, cineastas camaradas e artistas militantes, todos fazendo um brinde com vinho e caviar em Paris veriam a si próprios em reuniões de sindicatos e assembleias estudantis, de bandeirinha vermelha na mão e camisa do Che Guevara. “Os petistas e seus companheiros estão morrendo de medo de voltar ao seu próprio passado e perder o nosso dinheiro que eles conseguiram sem esforço”, diria a voz em off. “Nosso emprego de hoje não pode continuar servindo para enriquecer os membros e cúmplices do partido, nem para comprar o Congresso Nacional. Não podemos dar ouvidos às promessas daqueles que enfiam o nosso salário no bolso e se esquecem da nossa segurança, da nossa saúde, da nossa educação. O Brasil não quer ser roubado de novo.”
Pronto. Nem vou exigir um close no elefante, fazendo você sabe o quê em você sabe quem.
Felipe Moura Brasil – https://www.veja.com/felipemourabrasil
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