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Felipe Moura Brasil

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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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O piti de Arnaldo Jabor pela ‘Cuba libre’ de Obama

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 5 jun 2024, 08h54 - Publicado em 23 dez 2014, 22h19

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Escrevi esse tuíte ao lado na madrugada da última sexta-feira (19), quando Arnaldo Jabor deu seu comentário no Jornal da Globo sobre o fim do embargo americano a Cuba.

Transcrevo-o na íntegra:

Esta reaproximação com Cuba tem dois inimigos: os rancorosos que querem sempre dividir o mundo em bons e maus e os republicanos da América que só pensam em ferrar o Obama. Se bem que o Obama conta com o medo que eles terão de desagradar o imenso contingente latino na América de hoje.

Captura de Tela 2014-12-23 às 22.16.25Este é o primeiro passo para acabar com o embargo comercial que tanto prejudicou a ilha. Mas isso não ocorre aos vingativos que preferem que a população de Cuba morra de solidão democrática e econômica do que conciliar. O importante é a vingança.

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Cuba, que foi uma revolução maravilhosa na época, que parecia uma floração tropical de jovens hippies. Com metralhadoras, acabou nas mãos soviéticas.

Mas os EUA foram muito responsáveis pelas dificuldades da ilha. Kennedy tentou invadir logo em 1961, e daí para frente Cuba foi a ovelha negra das Américas e virou uma ditadura brutal, sim, como uma ilha comunista perto da Flórida.

Mas isso, que rola há 50 anos, não impede a tentativa de contribuir para uma abertura democrática.

Agora o Obama tenta desfazer esse equívoco duplo e, claro, sofre pressões nesse momento histórico. Nunca um presidente foi tão atacado por tudo que tentou fazer.

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O reacionarismo deles não é uma questão política, é psiquiátrica, é racista, é estúpida, cega de ódio. Obama é como Cuba, ele também foi excluído e sabotado pelos eternos reacionários que posam de democratas.

Retomo.

Jabor se tornou mais obamista que a MSNBC porque, não podendo defender os crimes do PT no Brasil, precisava de uma esquerda para chamar de sua. Para ele, como mostrei aqui, ‘perigo vermelho no (…) dos outros é refresco‘.

Também já mostrei aqui o quão grotesco é Jabor chamar os republicanos de racistas; e aqui, quais são as verdadeiras críticas dos republicanos a Obama, acrescentando que dinheiro não faz democracia, mas enriquece ditadura, como bem ilustra a imagem abaixo.

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Cuba embargo

Não vou me repetir nem entrar no mérito dos outros xingamentos de Jabor, que nada mais são do que sintomas de uma mentalidade revolucionária jamais convalescida.

Depois de velho, ele continua chamando de ‘maravilhosa’ e de ‘floração tropical de jovens hippies’ uma revolução que derrubou uma ditadura para instalar outra muito pior e mais assassina. Nunca superou seu deslumbramento juvenil com Fidel Castro, exposto em um dos textos mais constrangedores do colunismo brasileiro, ‘Os românticos de Cuba‘:

“Lembro-me até hoje que sua mão era quente e larga, a palma generosa e macia. Sua mão se aninhava confortavelmente na minha, enquanto eu tentava lhe falar: ‘Comandante’… – comecei de novo, gago de emoção. (…) ‘Será que é uma bicha brasileira, infiltrada?’ – tenho certeza que ele pensou. Não, comandante, eu não era uma bicha; apenas um ex-comunista. Foi a única vez que vi Fidel.”

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Mal posso imaginar como seria a descrição do encontro com Obama, o verdadeiro sabotador do capitalismo americano. O fim do embargo o juntou a Fidel no mesmo assunto, e o dito ex-comunista Jabor só podia mesmo ficar duplamente ‘gago de emoção’, apelando ao discurso vitimista típico dos… comunistas.

Os motivos do embargo
O público de pouca informação que ouve seu comentário na TV pensa que Obama – o Messias blindado pela mídia – foi mais atacado do que George W. Bush, cuja demonização o elegera; e que Cuba só virou uma ditadura brutal porque ‘acabou nas mãos soviéticas’, foi prejudicada pelo embargo comercial americano e invadida por Kennedy.

Mas as razões pelas quais por mais de cinco décadas presidentes, democratas e republicanos, isolaram politicamente e aprovaram sanções a Cuba (com sucesso, ao contrário do que diz Obama) revelam o embuste de Jabor:

1. Cuba tem sido uma prisão comunista desde que Fidel Castro chegou ao poder. De 1959 até o fim da década de 1990, mais de 100.000 cubanos foram colocados em campos de trabalho forçado, prisões e outros locais de encarceramento. Entre 15.000 e 17.000 pessoas foram fuziladas. Castro justificou o seu reinado de terror com estas palavras: “A revolução é tudo; todo o resto é nada.”

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2. A Cuba comunista exportou o marxismo-leninismo pela América Latina, especialmente para a Nicarágua, dominada pelos sandinistas marxistas no final de 1970. Outro alvo foi a pequena nação-ilha de Granada, que era para funcionar como a terceira perna de um triângulo comunista de Cuba, Granada e Nicarágua. O presidente Ronald Reagan frustrou os planos dos comunistas, libertando Granada de um regime radical pró-Moscou. Como explicou um líder comunista venezuelano, a revolução cubana foi como um “detonador”.

3. A Cuba comunista levou o mundo à beira de uma guerra nuclear em 1962, quando permitiu que a União Soviética construísse bases para mísseis nucleares destinados a grandes cidades dos Estados Unidos. Castro sabia o que estava fazendo: o líder soviético Nikita Khrushchev disse que Castro solicitou um ataque nuclear soviético sobre os Estados Unidos.

4. A Cuba comunista frequentemente ofereceu as tropas terrestres para a estratégia da União Soviética de incitar a revolução do Terceiro Mundo, especialmente na África. De 1975 a 1989, de acordo com ‘O Livro Negro do Comunismo’, Cuba foi a principal apoiadora do Movimento Popular para a Libertação de Angola. Castro enviou uma força expedicionária de 50.000 homens para o país africano, explicando, em parte, por que durante décadas Moscou financiou o regime cubano à base de US$ 5 bilhões por ano. O fim deste financiamento, como já falei aqui, foi um dos motivos que levaram Fidel a criar em 1990 com Lula o Foro de São Paulo, que depois elevou a esquerda ao poder na América Latina e que agora recebe novo impulso com o fim do embargo.

No exato momento em que as misérias econômicas da Venezuela ameaçam seriamente os seus enormes subsídios de bilhões de dólares a Cuba e quando mais e mais cubanos estavam pressionando o regime de Castro para permitir liberdades e direitos humanos fundamentais, Obama se comprometeu a retirar as sanções econômicas e estabelecer relações diplomáticas. Dias depois de repudiar a tortura praticada pela CIA após o 11 de setembro, o presidente dos EUA tirou da corda bamba o regime que aplica há décadas a tortura em seus adversários políticos. Nas palavras da dissidente cubana Yoani Sanchez, “o castrismo venceu”.

Se ainda estiver vivo, Fidel hoje deve estar sorrindo e acendendo um charuto El Rey del Mondo, em seu palácio de Havana. Se sua mão está “quente e larga, a palma generosa e macia”, aí é melhor vocês perguntarem ao Jabor.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

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