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Felipe Moura Brasil

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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".

Exclusivo – Criador do Escola Sem Partido rebate ataque de Leandro Karnal ao projeto

"Ele é professor de história e está advogando em causa própria", diz Miguel Nagib

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 4 jun 2024, 22h57 - Publicado em 6 jul 2016, 23h59

Pedi a Miguel Nagib, criador do Escola Sem Partido, que comentasse para este blog o ataque desferido contra seu projeto por Leandro Karnal no programa Roda Viva de segunda-feira.

Reproduzo abaixo, na ordem, o ataque de Karnal e a resposta de Nagib.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=IRjsPCfjeso?feature=oembed&w=500&h=281%5D

Leandro Karnal:

“Escola sem partido é uma asneira sem tamanho, uma bobagem conservadora. Coisa de gente que não é formada na área e que decide ter uma ideia absurda: que é substituir o que eles imaginam que seja uma ideologia em sala de aula por outra ideologia, que é a ideologia conservadora.

Eu já desafiei: me diga um fato histórico que não teve opção política? Cortaram a cabeça de Luis XVI: 21 de janeiro de 1793. Cortaram a cabeça de Maria Antonieta: 16 de outubro de 1793. Vamos dizer ‘que pena, coitados dos reis’ ou analisar como um processo de violência típico da revolução e assim por diante?

Não existe escola sem ideologia. Seria muito bom que um professor não impusesse apenas uma ideologia e que abrisse caminho sempre para o debate. Mas é uma crença, em primeiro lugar, fantasiosa de uma direita delirante e absurdamente estúpida de que a escola forme a cabeça das pessoas e que esses jovens saiam líderes sindicais. Os jovens tem sua própria opinião, ouvem o professor, vão dizer que o professor é de tal partido.

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Os jovens não são massa de manobra. E os pais e os professores sabem que os jovens têm sua própria opinião. Toda opinião é política – inclusive a escola sem partido. Eu gostaria de uma escola que suscitasse o debate, que colocasse um texto do século 19, de Stuart Mill falando do indivíduo, da liberdade e do mercado ao lado de um texto de Marx e que o aluno debatesse os dois textos.

Mas se o professor for militante de um partido de esquerda ou de centro também faz parte do processo. Isso não é ruim. A demonização da política é a pior herança dessa ditadura militar que, além de matar seres humanos, ainda provocou na educação um dano que ainda vai se arrastar para as próximas décadas.”

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Miguel Nagib:

“É impossível entender o ataque histérico de Leandro Karnal ao Escola sem Partido, sem levar em conta que ele é professor de história na Unicamp. Quando um professor de história ataca o projeto Escola sem Partido – descartada a hipótese de que esteja falando sobre o que não conhece –, você pode ter certeza de que ele está advogando em causa própria.

Para quem não sabe, o projeto Escola sem Partido torna obrigatória a afixação em todas as salas de aula do ensino fundamental e médio de um cartaz com o seguinte conteúdo:

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‘DEVERES DO PROFESSOR

I – O Professor não se aproveitará da audiência cativa dos alunos, para promover os seus próprios interesses, opiniões, concepções ou preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias.

II – O Professor não favorecerá, não prejudicará e não constrangerá os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas, ou da falta delas.

III – O Professor não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas.

IV – Ao tratar de questões políticas, sócio-culturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos, de forma justa – isto é, com a mesma profundidade e seriedade –, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito da matéria.

V – O Professor respeitará o direito dos pais a que seus filhos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.

VI – O Professor não permitirá que os direitos assegurados nos itens anteriores sejam violados pela ação de estudantes ou terceiros, dentro da sala de aula.’

Será que Karnal nega a existência desses deveres ou apenas não quer que os estudantes fiquem sabendo que eles existem?

Se Karnal está incomodado com o nosso projeto, sugiro que, em vez de ficar apenas na defensiva, distorcendo-o e difamando-o, peça a algum deputado ou senador do PT, do PSOL, do PCdoB ou da Rede para apresentar no Congresso o projeto de lei Escola COM Partido. A título de colaboração, eu ofereço o seguinte anteprojeto:

‘Art. 1º. Esta lei inclui entre as diretrizes e bases da educação nacional o Programa Escola com Partido, atendidos os seguintes princípios:

I – aparelhamento político-partidário do sistema de ensino;

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II – direito do professor de fazer a cabeça dos alunos.

Art. 2º. No exercício de suas funções, o professor:

I – PODERÁ abusar da inexperiência, da imaturidade e da falta de conhecimento dos alunos, com o objetivo de cooptá-los para esta ou aquela corrente política, ideológica ou partidária;

II – PODERÁ favorecer ou prejudicar os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas;

III – PODERÁ fazer propaganda político-partidária em sala de aula e usar seus alunos como massa de manobra dos seus próprios interesses;

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IV – PODERÁ omitir, inventar, exagerar ou distorcer o que for necessário ou conveniente para inculcar nos alunos suas próprias convicções e preferências políticas, ideológicas e partidárias;

V – PODERÁ usurpar o direito dos pais dos alunos sobre a educação religiosa e moral de seus filhos.

Art. 3º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário da Constituição Federal e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos.’”

* Veja também aqui no blog:
Vídeo – Rogério Marinho detona UNE e cobra do MEC combate à doutrinação ideológica nas escolas
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