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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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Bill Gates e o salário mínimo

Por Felipe Moura Brasil
Atualizado em 31 jul 2020, 04h35 - Publicado em 24 jan 2014, 21h30

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Bill Gates, o bilionário fundador da Microsoft, pode até promover o ativismo gay, o movimento abortista, a campanha contra o “aquecimento global”, mas, quando o assunto recai sobre a sua área, o patrão não é tão condescendente assim com a demagogia da esquerda.
 
Em participação no programa “Morning Joe” da MSNBC – a mais obamista das emissoras de TV dos Estados Unidos – na última quarta-feira, Gates surpreendeu a apresentadora Mika Brzezinski dizendo que o aumento do salário mínimo – imagine! – pode “causar destruição de emprego”:
 
“Bem, os trabalhos são uma coisa ótima. [Mas] Você tem que ser um pouco cuidadoso: se você aumentar o salário mínimo, você está incentivando a substituição do trabalho e você irá comprar máquinas e automatizar as coisas – ou fazer com que os trabalhos apareçam fora desse setor. E assim, dentro de certos limites, isto causa, sim, destruição de emprego. Se você realmente começar a impulsionar isso, então você está apenas fazendo um grande trade-off.”
 
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“Você”, no fim das contas, é Barack Obama, que pediu um aumento no salário mínimo para 9 dólares no seu discurso anual sobre o estado da União em fevereiro de 2013 e desde então vem apoiando uma proposta de 10,10 dólares por hora, prestes a ser formalizada no discurso deste ano, na próxima terça-feira. A tentativa, informava a Reuters em dezembro, “quase certamente vai falhar por causa da oposição dos republicanos, mas analistas e estrategistas democratas acreditam que essa questão pode ajudar candidatos democratas nas eleições de 2014″.
 
Isso mesmo, você aí bobinho, alheio ao jogo político: Obama faz propostas socialistas do tipo “se colar, colou”, enquanto seus partidários saem bem na foto com o eleitorado. Isto lhe permite “manifestar apoio pelos trabalhadores e pode ajudar os candidatos democratas a mudar o assunto do desastroso lançamento do plano de reformar o sistema de saúde norte-americano”. E a rejeição republicana à proposta “poderia ajudar os democratas a definirem a oposição como desconectada dos americanos trabalhadores e mais próxima dos ricos”. Sabe como são os esquerdistas: se você está com eles, você é bonzinho; se não está, é porque odeia os pobres.
 
“[A proposta] Tem um apelo com um segmento bem amplo do público”, disse Carroll Doherty, do Centro de Pesquisas Pew, à Reuters. “E atrai muito apoio da base do partido. O partido se importa muito com isso”. O partido só não se importa mesmo é com os 3,6 milhões de trabalhadores que receberam o salário mínimo em 2012, segundo dados do governo, trabalhando predominantemente em empresas como Wal Mart, Yum! Brands, dona da Taco Bell e da Pizza Hut, e o McDonald’s. Esses correm o risco de perder seus empregos e de se juntar aos quase 100 milhões de americanos fora do mercado de trabalho, se o salário decretado pelo governo for mais alto do que o retorno que eles geram a seus empregadores. (E sabe como é: esquerdista adora desempregado com raiva do ex-patrão, querendo uma ajudinha do Estado.)
 
Como escreveu Thomas Sowell, “Há décadas, vários estudos indicam que as leis de salário mínimo criam desemprego, especialmente entre os trabalhadores mais jovens, menos experientes e menos qualificados.” [Ver minha tradução completa de Sowell, “Encarando a verdade sobre o salário mínimo“.] Se a oposição impedir esta maravilha [cuja versão brasileira Rodrigo Constantino já comentou aqui], Obama também poderá culpá-la mais uma vez por dar ouvidos à imprensa conservadora, como acaba de fazer em entrevista à revista New Yorker:
 
“O problema tem sido a incapacidade da minha mensagem de penetrar na base republicana para que eles se sintam convencidos de que eu não sou a caricatura que você vê na Fox News ou [ouve de] Rush Limbaugh, mas eu sou alguém que está interessado em resolver problemas e é muito prático; e de que, na verdade, um monte de coisas que temos posto em prática funcionou melhor do que as pessoas possam pensar. E enquanto houver esta lacuna entre a percepção que a média dos votantes republicanos primários têm de mim e a realidade, é difícil para pessoas como John Boehner se moverem demais em minha direção.”
 
A “realidade”, para Obama, assim como para os brasileiros, é aquela que sai nos veículos obamistas, como MSNBC e CNN, esta cuja queda de audiência foi tamanha nos últimos anos que a média nacional de espectadores hoje é de míseros 78 mil ao longo de todo o dia, com picos de 98 mil, o que o radialista Rush Limbaugh, com suas dezenas de milhões de ouvintes, deve ter em um só quarteirão de Nova York. De acordo com a pesquisa Quinnipiac, 49% dos eleitores americanos consideram o presidente desonesto, contra apenas 46% que acham o contrário, sem falar nos 53% que julgam seu governo incompetente. Que Obama culpe o sucesso de Limbaugh e da Fox por seu próprio fracasso, é perfeitamente natural, portanto. Se a proposta do salário mínimo fracassar também, só espero que ele não se esqueça de mencionar o Bill Gates.
 
Felipe Moura Brasil – https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
 
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