Assine VEJA por R$2,00/semana
Em Cartaz Por Raquel Carneiro Do cinema ao streaming, um blog com estreias, notícias e dicas de filmes que valem o ingresso – e alertas sobre os que não valem nem uma pipoca
Continua após publicidade

‘Top Gun: Maverick’: Tom Cruise vive ressaca do patriotismo nos ares

Se no primeiro filme as cenas eram feitas por dublê, agora o astro desfila habilidades físicas invejáveis e a capacidade de pilotar caças

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 Maio 2022, 18h07 - Publicado em 20 Maio 2022, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Trajando um imponente uniforme da Marinha e condecorações no peito, o comandante conhecido como Viper descrevia para jovens pilotos a razão da existência do Top Gun, programa de treinamento americano para aviadores navais de elite. Em 1986, sob a ressaca do Vietnã e da Guerra Fria, os Estados Unidos não estavam em conflito direto com nenhum país. Mas era preciso “estar sempre pronto”, ressaltava o militar vivido por Tom Skerritt. Desenhava-se ali o contorno que pautaria a ação de Top Gun: Ases Indomáveis (1986): em um mundo sem inimigo definido, a belicosidade americana deveria manter sua supremacia — nem que fosse só no campo da ficção.

    Publicidade

    Caso raro numa indústria que adora franquias, o arrasa-quarteirão levou 36 anos para ganhar, enfim, uma sequência: na quinta-feira 26 chega aos cinemas Top Gun: Maverick, com Tom Cruise de novo no papel do piloto Pete “Maverick” Mitchell. Aos 59 anos, o ator deixa sua versão de 20 e poucos no chinelo. Se no primeiro filme as cenas eram feitas por dublê, aqui Cruise desfila habilidades físicas invejáveis e a capacidade de pilotar caças — o astro conduz de verdade as aeronaves supervelozes.

    Publicidade
    SAIA-JUSTA - Cruise e Kelly McGillis no primeiro filme: a atriz não foi convidada para a sequência de 2022 -
    SAIA-JUSTA - Cruise e Kelly McGillis no primeiro filme: a atriz não foi convidada para a sequência de 2022 – (Paramount Pictures/.)

    Curiosamente, a demora da continuação estava diretamente ligada ao conturbado clima político dos Estados Unidos nos últimos anos. A ideia do “herói americano” foi esmorecendo conforme se acumularam casos de depressão e estresse pós-traumático entre os veteranos de guerra. Nos anos 1990, o cinema lançou títulos exemplares em sua crítica à glamorização dos conflitos armados. Entre eles, Nascido em 4 de Julho (1989), uma dura crítica do diretor Oliver Stone protagonizada por ele mesmo, Tom Cruise. Na época, o ator afirmou que uma continuação de Top Gun seria uma “irresponsabilidade”. “Top Gun foi visto como um filme da direita para promover a Marinha. Mas aquilo não é a guerra: Top Gun é um parque de diversões que não tem nada a ver com a realidade”, disse então Cruise, um democrata declarado.

    Continua após a publicidade

    Top Gun Boné

    Publicidade

    Feito com aval do Pentágono, o Top Gun original foi, de fato, uma propaganda militar de luxo. O governo americano liberou navios, aviões e pilotos profissionais para o filme, tendo em troca o direito de palpitar no roteiro — além de botar estandes nas saídas dos cinemas, para o alistamento de jovens inebriados pela adrenalina na tela. Na sequência, o clima é outro. Maverick, o piloto rebelde, abandona o patriotismo vazio para abraçar outras causas: ainda traumatizado com a perda do melhor amigo, Nick Goose (Anthony Edwards), morto em um treinamento no primeiro filme, ele terá de reaprender habilidades sociais básicas, como a confiança, o trabalho em equipe e a importância da família.

    Top Gun – Edição de Colecionador (Duplo com Imã)

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Parece piegas, mas o filme reflete um sentimento real na sociedade americana — tanto que Maverick não está sozinho. Uma nova safra de produções sobre pessoas “quebradas” pela guerra despontou na era pós-Trump, mostrando a vida de ex-soldados que passaram pelo Iraque e pelo Afeganistão. Somou-se a isso algum rescaldo do Vietnã: o longa Destacamento Blood (2020), de Spike Lee, e a série dramática This Is Us, atualmente em sua sexta e última temporada, trazem veteranos marcados pela experiência desnecessária do confronto na Península da Indochina.

    VIDA DE CÃO - Tatum e Lulu: duas criaturas marcadas pela guerra no Iraque -
    VIDA DE CÃO – Tatum e Lulu: duas criaturas marcadas pela guerra no Iraque – (Hilary Bronwyn Gayle/SMPSP/.)

    Exemplar da nova safra, Dog — A Aventura de uma Vida, em cartaz nos cinemas, é uma dramédia saborosa protagonizada e codirigida por Channing Tatum, um ex-soldado sem perspectivas após a Guerra do Iraque que deseja voltar ao combate. Um traumatismo craniano sofrido no front impede Briggs (Tatum), entretanto, de vestir a farda novamente. Então, ele aceita uma missão aparentemente simples para provar seu valor: é incumbido de levar Lulu, um pastor-belga militar, ao enterro de seu dono, um colega do Exército que cometera suicídio. Violenta e ansiosa, Lulu, uma cachorra treinada para matar seres humanos, está tão ou mais traumatizada que Briggs. A viagem logo se torna uma terapia para ambos.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Tom Cruise: Biografia Não-Autorizada

    Em Top Gun: Maverick, o personagem de Cruise também tem pontas soltas a resolver. O piloto vive de forma solitária desde a morte de Goose — uma desculpa para a ausência de seu par romântico de 1986, vivido por Kelly McGillis, que acusou a produção do novo filme de tê-la esnobado pela aparência envelhecida. Ele é convocado por Iceman (Val Kilmer, numa ponta emotiva; leia abaixo) para treinar uma nova geração de pilotos. Entre os jovens está Bradley “Rooster” Bradshaw (Miles Teller), filho de Goose, por quem Maverick desenvolve uma tensa ligação paternal. O drama é pano de fundo para a verdadeira graça de Top Gun: relacionamentos são complicados, mas ficam absurdamente divertidos quando acontecem entre ousadas acrobacias no céu.

    Publicidade

    O galã que sumiu de cena

    MELANCOLIA - Kilmer: documentário Val narra altos e baixos do ator -
    MELANCOLIA - Kilmer: documentário Val narra altos e baixos do ator – (Paramount Pictures/.)

    Uma das exigências de Tom Cruise para voltar ao set de Top Gun era a presença de Val Kilmer, de 62 anos, no elenco. A dupla de rivais foi um tempero extra no filme de 1986 — e o sucesso fez deles galãs cobiçados, dando fim à era dos brucutus Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger. A trajetória dos dois, porém, seguiu por trilhas distantes. Enquanto Cruise cresceu em popularidade e relevância, Kilmer chegou ao ápice em Batman Eternamente (1995) e logo ganhou o selo de “difícil”.

    Honesto, o ator relembrou o passado profissional e familiar no ótimo documentário Val (2021), do Prime Video, da Amazon. Em um mosaico de cenas caseiras, filmadas por ele ao longo de quarenta anos, a produção destrincha desde dramas pessoais, como a morte de um de seus irmãos, até a explosão da fama e suas consequências. Dedicado, Kilmer começou na Broadway e almejava ser um ator de prestígio — plano afetado por suas manias e comportamento errático.

    Continua após a publicidade

    Diagnosticado em 2015 com um câncer de garganta, que lhe tirou a voz e minou sua aparência, Kilmer lamenta viver da nostalgia, ganhando dinheiro em eventos de fãs. Acabou sendo recompensado agora com o presente de sua breve mas marcante participação em Top Gun: Maverick.

    Publicado em VEJA de 25 de maio de 2022, edição nº 2790

    CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

    Top Gun Boné
    Top Gun Boné
    Top Gun - Edição de Colecionador (Duplo com Imã)
    Top Gun – Edição de Colecionador (Duplo com Imã)
    Tom Cruise: Biografia Não-Autorizada
    Tom Cruise: Biografia Não-Autorizada

    *A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.