Assine VEJA por R$2,00/semana
Em Cartaz Por Raquel Carneiro Do cinema ao streaming, um blog com estreias, notícias e dicas de filmes que valem o ingresso – e alertas sobre os que não valem nem uma pipoca
Continua após publicidade

‘The Chosen One’ e mais: as visões explosivas sobre Jesus nas séries

'O Eleito' causa furor ao sugerir que um adolescente pode ser o novo Jesus Cristo — premissa curiosa, mas que virou campo minado para as atrações de TV

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 Maio 2024, 21h27 - Publicado em 1 set 2023, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Diz a Bíblia que Jesus, após sua ressurreição, passou quarenta dias entre seus seguidores antes de finalmente partir, subindo aos céus. Mal haviam se recuperado da cena, os fiéis receberam a visita de dois anjos trazendo a notícia espantosa de que, um dia, o Messias voltaria ao plano terreno. A promessa, até hoje, causa comoção nos vários segmentos do cristianismo — e também vem fazendo barulho na televisão. Partindo da premissa “e se Jesus já estivesse entre nós”, a minissérie da Netflix O Eleito acompanha a história de Jodie (Bobby Luhnow), um garoto americano de 12 anos que realiza os mesmos milagres de Cristo e, logo, é tratado como sua nova encarnação. O adolescente demora a assimilar e a aceitar seus “poderes” — mas, quando os abraça, toma rumos um tanto questionáveis.

    Publicidade

    American Jesus: O Eleito

    Publicidade

    Retratar a figura de Jesus na ficção tem sido um campo minado para diretores e roteiristas desde os primórdios do cinema e da TV. Para não ofender o público religioso, sensível a alterações no texto bíblico, as produções de época costumam ser rigorosas ao adaptar os Evangelhos — às vezes, até as raias do exagero: o polêmico A Paixão de Cristo (2004), de Mel Gibson, se propõe a ser tão fiel às Escrituras que é falado em aramaico, latim e hebraico, e não economizou na violência gráfica da crucificação. Atualmente em sua terceira temporada, a popular série bíblica The Chosen caiu na malha fina desse escrutínio ferrenho por imaginar, com liberdade criativa, como seria a vida das pessoas ao redor de Jesus — sendo o próprio retratado com um toque extra de humanidade.

    FIEL, 'PERO NO MUCHO' - Jesus e discípulas em 'The Chosen': visão humanizada
    FIEL, ‘PERO NO MUCHO’ - Jesus e discípulas em ‘The Chosen’: visão humanizada (Angel studios/.)

    Enquanto isso, na seara de O Eleito, os que se atrevem a imaginar um Jesus contemporâneo o fazem sem as amarras de um texto original: afinal, há poucas informações na Bíblia sobre como se daria a volta do Messias, e o pouco que consta é narrado de forma cifrada. Assim, séries e filmes dispõem de um campo fértil para a especulação ficcional, mas estão sob eterna vigilância: além da fé cristã, a muçulmana e a judaica também aguardam um Salvador.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    O livro da Bíblia

    Um exemplar recente que entrou na mira das três religiões foi a série Messiah, de 2020, também da Net­flix. Na produção em dez episódios, o protagonista Al-Masih (o ator belga de origem muçulmana Mehdi Dehbi) é um líder espiritual com pinta de Jesus que surge em meio à Guerra da Síria. Assumindo a figura de um refugiado, conduz árabes à fronteira de Israel, causando um dilema geopolítico. Fora das telas, outro conflito se desenhou: autoridades da Jordânia, onde parte da trama foi gravada, censuraram a exibição de Messiah. A série foi acusada de ofender a fé muçulmana por um detalhe capcioso: ela tentou ser provocativa ao colocar um árabe na pele do suposto Messias, mas o nome do personagem causou furor — pois o Anticristo do Islã também se chama Masih. O imbróglio culminou no cancelamento da promissora produção, que ficou sem uma segunda temporada ou desfecho (a Netflix utilizou o período incerto da pandemia como desculpa).

    Publicidade
    REFUGIADO - O protagonista de Messiah: produção cancelada por irritar Islã
    REFUGIADO - O protagonista de ‘Messiah’: produção cancelada por irritar Islã (Hiba Judeh/Netflix)

    Para além da controvérsia, Messiah trazia uma alfinetada à tradição judaico-cristã ao refletir sobre como o mundo trataria o Messias caso ele ressurgisse entre os marginalizados no Oriente Médio — em 2006, o filme O Filho do Homem, sucesso no meio indie, apostou na mesma provocação, ao situar a segunda encarnação de Cristo no continente africano. O Eleito parte da mesma premissa para, em seguida, subvertê-la. A trama foi baseada na graphic novel American Jesus (Jesus Americano, em português — título mais explícito que a tradução O Eleito), assinada pelo controverso autor escocês Mark Millar (de Kick-Ass). Escondido com a mãe num vilarejo mexicano, Jodie é um garoto americano de olhos azuis que, ao realizar milagres, é alçado ao posto de divindade local. A jornada revela desde a ganância de um pastor evangélico até a ingenuidade de miseráveis que se apegam à fé em busca de alívio. Acreditar ou não que se está diante do verdadeiro Messias é uma questão espinhosa.

    Continua após a publicidade

    Publicado em VEJA de 1º de setembro de 2023, edição nº 2857

    Publicidade

    CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

    American Jesus: O Eleito
    American Jesus: O Eleito
    O livro da Bíblia
    O livro da Bíblia

    *A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.