Um dos lançamentos mais grotescos e estimulantes do ano, A Substância tem atraído o público às salas de exibição brasileiras desde sua estreia em 19 de setembro, ganhando tração ao invés de perdê-lo graças à divulgação boca-a-boca que promete uma experiência perturbadora e única sobre as exigências machistas impostas sobre mulheres, estejam elas na meia-idade ou no começo da vida. Há quem tenha ficado confuso, então, ao saber que a equipe do filme de terror e ficção científica decidiu submetê-lo à disputa do Globo de Ouro na ala dedicada a comédias e musicais, ao invés do foco dramático — mais concorrido e prestigioso.
Melhores chances de competição
Eis aí um dos motivos. Nas categorias de drama, Demi Moore enfrentaria rivais de peso como Nicole Kidman em Babygirl — atuação que saiu premiada do festival de Veneza —, Angelina Jolie em Maria Callas e Tilda Swinton e Julianne Moore em O Quarto ao Lado. Entre as representantes cômicas, a disputa ainda não tem vencedora certa, mas é menos conturbada. Para ganhar a estatueta, a atriz terá que desbancar a espanhola Karla Sofía Gasón de Emilia Pérez e a americana Mikey Madison de Anora, ambas novatas em Hollywood com menos influência sobre os jornalistas que votam no prêmio.
Humor macabro
Já a outra justificativa para a decisão argumenta que, simplesmente, A Substância é de fato uma comédia ácida. Apesar da protagonista nuançada, o filme é composto por sucessivas caricaturas histriônicas, que satirizam o ônus da fama e o pior da indústria de entretenimento, representado, por exemplo, pelo executivo Harvey (Dennis Quaid). Politicamente incorreto e visivelmente asqueroso, o personagem solta absurdos tão desprezíveis que causam o riso. Depois, ao longo do filme, a violência cada vez mais intensa é sempre acompanhada de ironia — presente no programa de auditório que é foco da trama, nas birras de Sue (Margaret Qualley), na maquiagem que se apodera de Demi Moore e, especialmente, no final chocante.
Qual a história de A Substância?
A Substância imagina uma droga capaz de rejuvenescer qualquer um que a inocule em si mesmo. Em decadência, a celebridade Elisabeth Sparkle (Demi Moore) decide ceder ao tratamento, mas é surpreendida pelo resultado: em vez de simplesmente fazer sua cútis voltar no tempo, o medicamento cria uma nova entidade, Sue, com quem a estrela passa a dividir a vida de sete em sete dias. Quando uma acorda, a outra entra em estado vegetativo, mas qualquer desequilíbrio no calendário tem graves consequências.
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