Morre diretor Jean-Luc Godard, ícone da nouvelle vague francesa, aos 91
Cineasta marcou os anos 1960 com filmes que romperam tabus, como 'Acossado' e 'O Desprezo'; causa da morte teria sido suicídio assistido
Morreu nesta terça-feira, 13, o cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard, noticiou o jornal francês Libération. Godard, que tinha 91 anos, foi um dos pioneiros e mais bem-sucedidos diretores do movimento conhecido como nouvelle vague, que injetou ousadia e experimentação no cinema europeu dos anos 1960. Godard morreu em casa, na Suíça, ao lado da esposa, Anne-Marie Mieville. Segundo o jornal francês Libération, uma fonte próxima da família afirmou que o cineasta morreu de suicídio assistido. “Ele não estava doente, estava só exausto”, teria relatado a fonte. O advogado do diretor, porém, disse à agência AFP que a morte de Godard estaria ligada a uma série de doenças debilitantes.
Nascido em Paris em 1930, Godard cresceu e se educou em Nyon, às margens do lago Genebra, na Suíça. Após se mudar de volta para a França em 1949 para completar seus estudos, ele mergulhou no meio da efervescente vanguarda cultural parisiense, logo estabelecendo ligações com outros futuros ícones do cinema, como François Truffaut e Claude Chabrol.
A iconoclastia sem filtros levou o cineasta a chamar atenção já em 1960, com seu primeiro longa-metragem, Acossado, em que fazia uma reverência pessoal ao cinema americano. Filmado com câmera na mão e improviso, o clássico quebrou tabus e tornou-se muito influente. A ele se seguiram produções cultuadas como Viver a Vida (1962) e O Desprezo (1963).
Em 1984, Godard causou polêmica com os intolerantes religiosos com o filme Je Vous Salue, Marie, por seu retrato explosivo da relação entre Jesus e a Virgem Maria. Ainda nos estertores da censura da ditadura militar, o governo José Sarney chegou a proibir a exibição do filme no Brasil.
No Twitter, o presidente francês Emmanuel Macron lamentou a morte de Godard. “Perdemos um tesouro da nação, que tinha o olho de um gênio.”