Jean Reno, sobre filmar Meu Amigo Pinguim: ‘São animais inteligentes’
Ator francês falou a VEJA sobre seu papel em filme inspirado em um caso real que aconteceu no Brasil
Em 2011, quando um pinguim coberto de óleo surgiu na costa de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, o humilde pescador João resgatou o animal e lhe deu o nome de Dindim. Após uma semana sob os cuidados do homem, a ave foi levada de volta à praia para que retornasse à sua casa, na Patagônia — mas o vínculo com João foi tão forte que Dindim decidiu ficar nos trópicos. A história real e improvável de amizade entre a dupla chega agora às telas com Meu Amigo Pinguim, em cartaz no país. Para interpretar João, foi escalado o veterano ator francês Jean Reno, que conduz o filme com uma atuação tocante e poucas palavras. Em entrevista a VEJA, Reno falou sobre sua participação no longa. Confira:
Os pinguins que aparecem no filme são reais. Como foi interagir com eles no set?
Eu fui para o Brasil duas semanas antes do início das filmagens para treinar com os pinguins. Tínhamos dez deles no set, e eles agem de uma forma muito diferente em comparação a cachorros, gatos ou cavalos — pinguins gostam de ficar entre si, você é um estranho para eles. Então eu trabalhei bastante para acostumá-los ao meu ritmo, minha voz e meu cheiro. Comecei a tocá-los com muito cuidado, porque eles não gostam de ser pegos no colo. Pássaros são animais muito inteligentes. Eles só trabalham durante a manhã, mas realmente trabalham, não são preguiçosos. Cerca de 85% das cenas do Dindim no filme foram gravadas com pinguins reais, usamos computação gráfica algumas poucas vezes. No final das gravações, eu senti que tinha vários companheirinhos no set. Foi ótimo.
O senhor conheceu o verdadeiro João antes das filmagens começarem?
Não o conheci, porque não queria imitá-lo. Eu tinha minha própria ideia para o personagem. Antes das filmagens, conversei com David [Schurmann, diretor do longa], li todo o roteiro e assimilei que João era uma pessoa solitária, triste, que evitava contato com os outros. Esse foi o ponto de partida para minha construção do personagem, a solidão e a tristeza.
David Schurmann disse que cortou várias páginas de diálogo entre seu personagem e o pinguim quando o senhor foi selecionado para o papel. Sua performance funciona muito bem sem falas, o que tanto o cativa nesse estilo de atuação?
Eu administro uma escola de teatro na França e parte do programa é explicar para os alunos que palavras não são importantes. Elas não podem ser o centro da interpretação, uma performance é muito mais interessante quando o ator consegue traduzir o roteiro através de seus gestos e ações. Eu comecei no teatro, então também sei trabalhar com palavras, mas a base do meu trabalho é transpor o que está escrito no roteiro para as expressões dos meus personagens. Com palavras ou sem palavras, para mim, é a mesma coisa.
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