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História real vira comédia nonsense sangrenta em ‘O Urso do Pó Branco’

Filme ainda traz uma divertida sacada ecológica

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h06 - Publicado em 1 abr 2023, 08h00
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  • Duas crianças matam aula e se embrenham em um parque florestal. O local costuma ser seguro para os visitantes, exceto naquele dia: a dupla dá de cara com um urso enorme que acabou de consumir um tanto de cocaína. Perto dali, a mãe de um deles, a guarda florestal e um biólogo buscam os jovens, enquanto dois traficantes chegam atrás da carga perdida na queda de um avião. Um policial de coração mole e três adolescentes bocós completam o peculiar grupo que não sabe onde está se metendo no filme O Urso do Pó Branco (Cocaine Bear, Estados Unidos, 2023), em cartaz nos cinemas: os efeitos da droga no animal não serão dos mais divertidos de se testemunhar — exceto para quem está na segurança do cinema.

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    Dirigido por Elizabeth Banks, com nomes respeitados no elenco como Keri Russell, Margo Martindale e Ray Liotta (em um de seus últimos filmes; o ator morreu em 2022), O Urso do Pó Branco virou uma estranha sensação nos Estados Unidos: a comédia arrecadou 80 milhões de dólares e invadiu o Oscar — uma pessoa fantasiada de urso entregou o prêmio de efeitos especiais.

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    Antigo recurso pop do cinema, os animais assassinos caíram em desuso depois que pesquisadores apontaram o ótimo Tubarão (1975), de Steven Spielberg, como razão do aumento da caça predatória desses bichos nos anos 1980. Hoje, vilanizar um animal está fora de cogitação — e a brecha para os bichos nervosos está na comédia. Em 2013, o hilário Sharknado imaginou tornados com tubarões voadores. O Urso do Pó Branco segue a linha nonsense, mas com algo a mais: a trama vem de uma história real. Ou quase. Em 1985, um urso morreu ao ingerir cocaína — a droga vinda da Colômbia foi jogada por traficantes de um avião pequeno em um parque na Geórgia. O filme funciona como uma vingança para o animal: aqui, o urso sobrevive e desenvolve um apetite feroz por carne humana. A natureza é selvagem — e com razão.

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    Publicado em VEJA de 5 de abril de 2023, edição nº 2835

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